sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Véia.

Cheiro de olhos molhados, gosto de chuva. Tinha medo de encontrar-se sozinha no futuro, sentada em um sofá velho, ao lado de seus incontáveis gatos. Também tinha medo de não encontrar-se e ter de imaginar-se repousada por debaixo da terra. O futuro era o grito que quisera calar depois de já ter escapado boca afora. Com um cigarro aceso, tentava apagá-lo da memória. O futuro era passado a ser resgatado mais à frente. Quem um dia tinha sido talvez ressuscitasse depois de uns anos. Forte como uma brisa do mar, esforçava-se a pensar positivo. Se as vidas passadas perdoassem-na, talvez encontrasse-se sentada à uma mesa de jantar, cercada de bons amigos. Amigos que conquistaria assim que sua existência fosse notada. Com a cabeça pesada e o corpo inerte, via-se como estava vendo-se no agora, planejando futuros, onipresente desplanejada.

Nenhum comentário: