sexta-feira, 31 de julho de 2009

Poema Sem Rima.

Meu poema de amor não tem rima
E a menina tem pena.
Meu poema tem um bom começo,
mas do meu amor não conheço o final.

A menina da pena, é a mesma do pano,
da remenda, do retalho, da costura
e da reconstrução.
Faz consertos e acertos.
De vestidos de noiva a um coração.

Eixão.

Oras, que tempestade é essa? Que teimosia é essa em chegar? Quero raios e trovões ao fundo. Quero ver o mundo, em menos de um segundo, desabar. Quero - ver - tudo isso de olhos bem fechados, sentada no meio do mundo de cá. Digamos que o céu desabe, e que eu tenha forças para segurar, sentadas ali, no meio do Eixão, você prefere que eu segure o céu ou segure sua mão?

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Saiba.

Faça um pedido,
Mesmo que não veja estrelas no céu.
Ah, se meu encanto não lhe fosse um sacrifício...
Em cada canto deixaria um rastro,
Ainda que nem sempre coincidisse com seus passos.
Ah, se meu encanto não lhe fosse um fardo...
Meus pés seguiriam o vôo dos pássaros.

Cardápio.

Avisem ao céu, encontrei- em mim - algo maior do que ele. Não sei como, mas cabe. Tem nome, tem um rumo - só precisa saber qual. É meu, mas pode ser de mais alguém. É meu e de quem quiser. É nosso - ou poderia ser. É colorido, mas em preto e branco. Em câmera lenta e acelerado. Há quem peça, há quem prefira roubá-lo. É para uma pessoa, mas serve duas. Você quer que seja enviado ou prefere buscá-lo?

Seria?

Quando era deixada só pensava: "Ah, como queria respirar". Inspirar o forte cheiro das flores, expirar o estava preso lá dentro. Queria correr por um campo, ainda que fosse de futebol. Sentir o vento acariciar seus cabelos, atirar-se de uma cachoeira. Voava mais alto que qualquer pássaro, sem fôlego, mas com imaginação.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Fantasia meio-amarga.

Recebi um beijo teu. Entregue por outros lábios. Beijou-me com fervor, somado à vontade de desacelerar o tempo. Quis que a minha vontade fosse a mesma. Mas vontade eu não tinha. Meus lábios fantasiavam com os teus que, acredito eu, fantasiados de outros beijaram os meus.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Rigor.

Arranje-me uma escada para a lua que eu levo-te até lá. Antecipo-me em pensamento, escondo-me nas minhas palavras. Quero que você saiba, mas não quero dizer-te. (Sub)entenda nas entrelinhas, não vejo o que impeça-te de enxergar. Escrevo-te um poema, uma Ilíada, ou calo-me de vez. Não sei se vamos, para onde vamos, mas espero que cheguemos em algum lugar.

Conheci.

Nos tempos de guerra, conheci uma menina. Quando sabia o que falar, mantinha-se calada. Já que quando falava, não paravam para lhe escutar. Eu a escutei. Escutei e fui além. Vi movimento em suas palavras. Moviam-se delicadas como um beija-flor. Diziam mais do que pareciam dizer. Expressavam raiva, desapontamento, ainda que seu tom não mudasse. A guerra era minha, lutava contra mim mesma. Conheci uma menina, que conheceu meus dois lados. Nos tempos de guerra, dos loucos e desamparados, conheci uma menina. Seu nome era Marina, a bailarina de palavras.

Você sabe?

Não sei...
Não sei se eu sei.
Não sei se alguém sabe.
Não sei se mudei, ou se me mudaram.
Não sei se houve mudança.
Se está havendo.
Se um dia haverá.
Quer dizer, quem sabe?
Quem sabe de alguma coisa?
Eu não sei do vento, nem do tempo, nem de mim.

Ficção (ou não).

Virei o tabuleiro. Não para mim, ou para você, ou para a platéia. Virei de cabeça para baixo. Deixe que ele fique assim. Porque eu estou indo e te deixando da mesma forma. Não quis? Agora quer? Pois bem, queira o que quiser. Tornei-me ausente. Desejo, mais um de seus meros caprichos. Tornei-me. Tornei-me quem? Tornei-me nada mais que um tornado, nada mais do que eu deveria já ter me tornado.

Quem Era Eu.

Vivia de pessoas que não precisavam dela para viver. Almejava sorrisos, mas seu rosto sempre parecia ter acabado de descarregar um choro. Deixou-se amar e deixaram-na sozinha. Apoiava-se nas palavras enquanto desconfiava dos ombros. Tinha mau gosto, mas achava bom gostar. Saltou sem enxergar o fundo. Chegou a afogar-se. Ficou com medo. Não só do escuro. Deixava o escuro de lado e tinha medo do "só". Estar só, ficar só, só isso. Queria ser descoberta, como uma ilha, até então, desconhecida no meio do Pacífico. Queria que seu descobrimento mudasse a vida de alguém, e que não se importassem ao perceber que, a ilha, apesar do verde, da beleza, escondia vulcões e estava sujeita a tempestades.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Sério.

Faça-me o favor de catar os pedaços. Quero meu coração, mesmo que esteja dilacerado, caído, coagulado. Faço questão de tê-lo, ainda que só sirva como saco de pancada. Mesmo que doa, eu quero que ele bata. Dentro de mim, não nos outros. Outrora senti raiva, agora o que eu sinto assemelha-se à nada. Seria bom sentir-me só. Agora que descobri que a melhor companhia...não existe.

Obrigada, mesmo.

Então, diga-me, você quer que eu fique frente à frente com você para que fique mais fácil acertar no peito, ou você prefere continuar a apunhalar pelas costas? Faltam-me palavras, fôlego e lágrimas. Quisera eu conseguir chorar, mas de tanta dor já não sinto mais. Diga-me onde foi que você deixou seu coração? Ou nasceu sem?

domingo, 26 de julho de 2009

Explicação.

As pessoas têm me perguntado porque eu parei de escrever. Bem, eu não parei de escrever, só parei de atualizar isso aqui. Não por descaso, falta de vontade, de inspiração. É que mergulhei em um "projeto" novo, então não tenho tido muito tempo para escrever algo a fim de ser publicado aqui.
Segue um trecho do "projeto" novo:

Cambaleamos até chegar. Não quis uma despedida, mesmo que o reencontro fosse acontecer em breve. Fiz outro pedido. Pedi-lhe para que ficasse, ficasse para o sempre de uma noite que já estava para acabar. Não teve dúvidas, atendeu meu pedido. Mas fez questão de pedir algo em troca. Destacou-se em meio à multidão ao pedir autorização para me amar. Assustei-me. “Que tipo de amor é esse?”, perguntei. “Você tem medo de borboletas?”, a pergunta não fez sentido até que ele continuou, “Meu amor é uma lagarta, dentro de um casulo, e ela está perguntando se pode sair de lá, sem que você tenha medo de chegar perto, se aproximar”.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Balões Pretos no Asfalto.

Ela nunca me viu feito poesia. Ela nunca viu poesia em mim. Me viu mais como um jogo do que como qualquer outra coisa. Mas eu vi nela. E eu a fiz feito poesia, das mais belas obras, com rachaduras é claro, mas rachaduras perfeitas, marfim e conjugações exatas, sem faltar um pretérito ou presente perfeito. Foi um presente mesmo perfeito, que me fez esquecer de todo um passado, e sequer cogitar a idéia de um futuro. Era ali e era agora. Era ela e eu, e agora ela foi embora. E eu que esqueci do passado – aquele antes dela -, estou agora me sufocando no presente, e tentando me livrar do futuro. A vida parou ali, e eu estou parado aqui.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Lado Errado.

Eu queria só saber em qual parte de você perdi-me. Porque os dias já não são os mesmos, e as distrações já não distraem mais. Você conheceu-me e eu desconheci-me. Aonde estou que já não reconheço-me? Cansei das promessas de ser feliz. Nosso trem passou há muito tempo, só que você avisou-me o horário errado. Diga-me o caminho do paraíso, porque acho que estou indo para o lado contrário.

Manhã.

Passou a ver graça na desgraça alheia quando a sua chegou ao ponto de assemelhar-se ao tédio. Via os olhares ingênuos, regados de esperança, de forma cômica, e matava-se de rir quando esses olhares eram tomados pela escuridão de terem frustrado-se. Ao ver alguém cabisbaixo, sentava perto, para divertir-se um pouco. Chamavam-no de sádico, e estavam certos. A felicidade incomodava-o, dava-lhe ânsia, ainda que nunca tivesse sentido seu gosto. Invejava os sorrisos, os passos dados com vontade, as risadas escandalosas, as mãos dadas, mas negava-se a dizer que queria justamente o que nunca apresentaram a ele. Tinha vivido, durante algum tempo, atrás de um compasso mais vivo para si. A busca não rendeu-lhe bons resultados. Desistiu. Não só da felicidade, mas de si.

sábado, 18 de julho de 2009

Recado.

O que a trouxe de volta, ele se perguntava antes de dormir. Foram os ventos vindos do Sul ou noites de sono perdidas por pesadelos com a solidão? O que ela via de errado na felicidade dele, perguntavam quando ele contava de sua reaparição. Ela sumia como uma estrela cadente, e voltava como um furacão. Levava seus sorrisos, desordenava seus pensamentos. Não se lembrava, mas não deixava ser esquecida. Fazia questão de ocupar espaço, mesmo que não tivesse tamanho suficiente, marcava seu território como um cachorro marca um poste novo. Arrumava qualquer jeito de estar sempre ali, sabendo que poderia ir e voltar quando quisesse. Ele não entendia o que ela queria, ela não sabia se queria alguma coisa. Ele pedia ao além para que ela se decidisse, mas ela não tinha que fazer uma decisão. O que ela queria era o conforto de ter lugar marcado em algum coração.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Mais.

Não somos. Já fomos. Provavelmente não seremos. Nossos corações já foram vizinhos, agora moram em lados opostos da cidade. Usava sua voz como canção de ninar e agora o que eu mais queria era lembrar de como ela soava. Lembro que fazia meu corpo estremecer e parecer menor do que realmente é. Lembro que acalmava meu coração e me fazia acreditar. Sei que hoje, como você, ela é só mais uma vaga lembrança. Queria ainda lembrar de você e achar poderia te salvar de tudo. Mas hoje lembro de você e acho que fui eu que acabei me salvando.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Ah.

Captava a essência de tudo que fosse imperceptível aos olhos alheios. Via beleza onde faltava, via pureza nas palavras que pensavam em dizer. Passava horas de seus dias escrevendo cartas sem destinatários, e deixava-as à vista perto da calçada de sua casa para quem quisesse. Fazia questão de assinar com seu nome, não tinha vergonha do que escrevia. Fotografa todas as expressões que via nos rostos que deparave-se pelas ruas. Colocava as fotografias na estante de sua sala de estar. As poucas visitas que recebia perguntavam quem eram as pessoas das fotos, ele dizia que eram seus amores de momento. Perguntavam que tipo de amor era esse. Ele dizia que era um amor livre, não exigia que fosse recíproco, alianças, nem conta conjunta, era um amor que sabia voar, sem precisar tirar os pés do chão.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Grande Homem.

Cultivava certo apreço por caminhadas, especialmente aquelas feitas durante a madrugada. Caminhava como um miserável caminha ao oferecerem-lhe um prato farto. Era de fato um miserável, mas sua pobreza era de espírito. Alegava não ter mais ânimo, atirava a culpa na idade. Idade que pouco tinha e que tomava dos outros. Portava-se como um velho sábio e caminhava como se estivesse disputando uma Olímpiada. Seu corpo ia contra sua mente. Ou seu corpo ia contra a mente que negava ter. Suas mágoas eram conhecidas, comentadas, discutidas. Não viam motivo. Diziam que faltava-lhe razão. Razão ele até tinha, mas preferia a companhia das desculpas. Desculpava-se pelo copo derramado, por não poder comparecer ao jantar, por não saber o que falar. Não falava de seus motivos, não dava razão. A razão era simples de dizer, apenas não facilmente entendida. Cultivava certo apreço por guardar mágoas, e fazer delas traumas, especialmente aquelas que servem como desculpa para seu medo de viver.

Errado.

Pediu-lhe para que ficasse. Por um minuto, um segundo, um momento só, que seja! Tanto faz, tanto fez, tanto fazia! O momento poderia fazer valer um bilhão de outros momentos! Ou fazer valer sua vida inteira. Queria fazer-lhe calar a boca. Com a mão, com um beijo, com uma declaração. Declararia seu amor, que nada de claro tinha. Declararia um poema, sem rima, sem métrica, com versos vermelhos, não brancos, vermelhos de amor, pintados com seu coração. Queria que ela permanecesse ali, pelo tempo que fosse possível, e se esse tempo não existisse, colacava-se disposto a reservá-lo para depois. Seu amor não importava-se com o tempo, nem com o tempo que o tempo levaria para para trazê-la a ele.

(O que importava era que trouxesse-a).

domingo, 12 de julho de 2009

Quem?

Quem foi que deixou-a tão mal assim? Achando que nada poderia valer à pena, que entregar-se significava partir-se. O que foi que tirou-lhe o apetite? Que fez dela pele e osso? Que separou-a de sua própria alma? O que disseram-lhe para que agora ela recusasse-se a escutar? Há algo de errado na forma como ela pisa no chão. Ela pisa com cautela, com medo de afundar. Não sei se é medo de que alguém empurre-a para baixo, ou da existência de uma força que puxe-a para lá.

Meu Retrato em Preto e Branco.

Contento-me com os maldizeres, bendizeres, os talvez e os quem sabe. Estou sempre um passo à frente para que algo bloqueie minha visão ao olhar para trás. Encanto-me com tudo que deixesse-se ser sentido à flor da pele. Deixaria as pétalas e compraria os espinhos. Faço da tristeza meu chão, e a felicidade parece-me ser como a lua, algo a se olhar de longe. Dizem que eu tenho alguma coisa a mais, mas vai ver as pessoas que têm alguma coisa a menos e tentam achar o que lhes falta em mim. Alimento-me de frustrações, senão morreria de fome, e ao entrar em mim, acostume-se a alimentar-se do mesmo.

sábado, 11 de julho de 2009

Sonho.

Compadecia de todas as amarguras cotidianas. Acreditava na pureza do sorriso dos velhinhos, e na sabedoria dos olhos das crianças. Assistia seu reflexo nas poças d'água imaginando estar assistindo seu afogamento. Fantasiava com sua morte enquanto seu corpo ardia de febre. Ora imaginava-se correndo em um campo de vegetação rasteira, banhado por um sol que ardia tanto quanto seu corpo. Ora imaginava-se preso sozinho no céu de uma noite fria. Não possuia uma preferência entre a solidão e o calor, ou a solidão e o escuro. Sentia-se desfalecer a cada trago de ar dado. Mas sabia que não tratava-se de nada além de uma idealização de um final feliz. Partilhava de gostos excêntricos com seu interior, entre um café ou um chá, preferia a mistura dos dois, um cigarro de palha ou um cigarro convencional, fumar, ainda que só na imaginação, a caneta que carregava no bolso. Carregava pela morte o afeto que faltava-lhe pela vida. E buscava nela a tão prometida salvação. À noite suava ao ter pesadelos com a vida, e sentia-se boiar em um lago morno ao sonhar com a morte. A febre partiu sem muita cerimônia, fazendo apenas com que o final feliz fosse adiado e a transpiração de seu corpo aumentasse. Nunca sentiu seu corpo tão frio, nunca sentiu-se tão desiludido. Havia chegado tão perto de realizar o único sonho de sua vida, que chegou à conclusão de que teria sido melhor não ter tido vida para não ter tido um sonho.

Conto(u)

Calado, via no movimento dos lábios dela a formação de uma Sonata. Exorbitante, ela contava sobre sua ida à Europa entornando uma taça de vinho francês. Em uma mão segurava a taça com seus poucos goles, enquanto a outra repousava confortavelmente na perna de um italiano que havia conhecido na viagem. Juravam, em uma língua que era a ele desconhecida, que amor não se conquista com o tempo, como em uma batalha por terras inimigas, mas sim quando dois pares de olhos se encontram e dialogam pelo brilho que possuem. Ainda calado, ele fingia concordar, enquanto reparava na forma como a felicidade dos dois diminuia cada vez mais a sua. A conhecia há anos, e há anos esperava que os olhos dela não deixassem os dele falando sozinhos. Ela aproveitou para contar que estava de partida, ele quis acreditar que sua decisão foi tomada junto aos goles de vinho. Acreditou com a mesma ingenuidade e esperança com as quais as crianças acreditavam no Papai Noel, mas sabendo, mesmo que sem querer, que nesse Natal não ia ganhar seu presente. Seu presente seria entregue do outro lado do mundo, na semana que seguia. E foi. Sem delongas, sem despedidas. Ela, nem sempre, mandava notícias, mas ele esperava sempre recebê-las. Beirava seus sessenta anos quando a morte veio avisar que iria tirar-lhe a vida. E tirou. Antes disso, esperando notícias, esperou que ela esperasse as dele. Extraviadas no caminho, chegaram várias vezes ao destinatário errado, até chegarem nas mãos certas, quando a última notícia que se tinha do remetente podia ser encontrada no obituário do jornal local. Seu amor fora um fóssil, encontrado por ela naquela carta. O molde de seu coração em letras miúdas, gravado pela tinta de uma caneta perto de seu final.

Ressaca.

Cada degrau que subia correspondia a um passo dado em direção à minha emancipação. Emancipar-me-ia, o bastante para deixar que certas coisas ficassem no passado, olhar atentamente para o presente e deixar-me perceber que você estava ausente nele. Colocaria alguns assentos da minha vida à disposição daqueles que tivessem interesse. Vez em quando escolheria alguém da platéia, para tornar-se personagem. Vez em quando pediria que alguém retirasse-se da platéia, se não houvesse conforto o suficiente para deixar que essa pessoa visse-me no esforço de levantar. Minha emancipação consistia em tirar-te de mim e não deixar-me esconder mais em você. Sobe-se com certa cautela, para descer com maior agilidade. Desci rolando. Não deixar-me esconder implicava em mostrar-me, exibir-me, estar nua em praça pública. Não agradou-me a idéia. Não mais reconhecia-me. Podia, por acidente, engano, mostrar meu eu errado.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Bela!

Nem todo caminho é bom e nem todo caminho é ruim. Mas todo caminho tem um coração. Independendo se está inteiro, se é grande ou não, existe um coração. Se você quer vê-lo, eu não sei. Mas mais se ganha vendo, do que se perde deixando de ver. O que os olhos não vêem, o coração não sente. E é humano querer que um coração sinta. Sem ser necessário que esse coração seja seu. Você vê, e o coração de alguém sente. Você não vê, e o coração, o que acontece com ele? Nada. Entre o nada e o tudo, o que há? A chance de ser alguma coisa.

SIM!

Familiar com a sensação de ter perdido tudo, chegou à conclusão de que não perdia tudo porque nada era seu. Jurava amores àquela que não acreditava em promessas. Prometia ao Deus, que desconhecia, que ia mudar. Mudava de roupas, de gosto, de música, mas não mudava a si mesmo. Questionava-se se a mudança em si mudaria tudo a sua volta. O tudo que não era seu, era tudo que o perturbava. Jurava. À ela, e a Deus. Pelo amor de Deus, jurava que seu amor era dela. E pelo amor dela, buscava o amor de Deus. Sem amor, e com nada na mão, via o tudo, que perdeu sem ter, o amor, em que acreditou sem precisar acreditar em nada além, e o Deus, pelo qual sentiu ter sido abandonado, tornarem-se pó. Não cheirou, nem guardou como cinzas, jogou tudo ao vento. Acreditando, então, no nada, que era tudo que havia sido jogado fora.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Passou.

O tempo parou de passar. E eu passei por você. Encontrei comigo. Sentada na calçada, contando os segundos sem perceber que eles já não eram mais meus. Percebendo que eles nunca foram. Levei-me para casa. O tempo voltou a passar. E eu não precisava passar por você. Você passou antes. Sem que eu contasse o tempo. Você passou despercebida. E eu percebi que, como o tempo, você nunca foi minha.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Retrato da Saudade.

Amou. Ama. Sem precisar que seja recíproco. Sem saber se bateu e voltou. Ama porque sabe se amar. Porque a amaram e ela se deu o trabalho de aprender. Ama sem saber o que passou, o que é passado, e se esse amor vai passar ou não. Ela me ama, mas eu sei que amo mais. Amo do jeito que ela se ensinou, e me ensinou junto. Amo porque ela sabe me amar, sem precisar saber que amo de volta.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

De Pé.

Não saber quem eu sou, a que ponto cheguei. Sei que quis, que quis demais, e que ainda quero muito mais. Soube das suas feridas, não deixei que as cutucassem. Não soube dizer, mas soube olhar. Coube o abraço, o silêncio, o que não cabia, mas era de se ajeitar. Quantas tristezas cabem em um coração? Porque eu estou pensando em guardar o mundo.