quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

20:20

Ela sabe que podia ser melhor. Ele sabe que podia ser pior. Eles se vêem todo dia, e é sempre o mesmo abraço, o mesmo beijo, o mesmo sorriso. Ela sonhava com sinos e sentir-se inteira. Ele tinha pesadelos com amores não-correspondidos e morrer sozinho. Ela choraria encostada em seu caixão, ele a completaria com estabilidade. A chuva caía, e eles lado a lado. O mundo desabava, e eles lado a lado. Ela pensava em algo que pudesse fazer seu coração bater mais forte. Ele pensava em dormir e acordar sozinho. Ela decidiu abrir seus olhos. Ele decidiu comprar um cachorro.

Garganta.

Engulo a fumaça para engolir as palavras. Se eu pudesse te dizer, eu diria. Mas ninguém bate em uma porta em que não há ninguém para abrir. Você bateu a porta em minha cara e saiu janela afora. Espero que tenha visto o mundo que queria ver, espero que tenha contado seus segredos para mais alguém, não gosto de pensar que você ter os contado somente para mim é um lisonjeio, se antes fosse, não seria um capricho te querer por perto. Vou sair mais tarde para ver o mundo, sem dúvidas não é o mesmo que o seu. Mas se eu passar por algum beco escuro, não há nada que me impeça de procurar você caído por lá.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Talvez, quem sabe....

Talvez se eu tivesse insistido um pouco mais, te aborrecido um pouco menos. Talvez se eu tivesse sido menos eu, sido mais você. Talvez se os tempos fossem outros, e caísse tudo, menos chuva. Talvez pudesse ter durado mais, ter doído menos. Talvez estivesse certo, e a gente fez tudo errado. Talvez seja uma incerteza, talvez é uma incerteza. Me disseram que seu sorriso podia me salvar, e sem que talvez fosse, era mesmo uma certeza.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Tempo.

Enganando os minutos até que o tempo passe para a gente se ver. Sento nos ponteiros e espero. Giram, giram, giram me levando cada vez para mais perto de você. O tic-tac é a valsa que me leva ao altar. Toca a campainha, coração na boca, mão na maçaneta, "Essas flores são para você". Bem-vindas lágrimas. Pela primeira vez na vida choro sem querer parar. Encontrei alguém que me faz feliz, feliz de um jeito...triste.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Promessa.

As pessoas fazem promessas, dizem que vão esquecer, que vão lembrar, que vai durar para sempre, que vai ser sempre igual. Prometem o mundo, parte dele, uma casa, uma viagem, um amor, mais amor, união, dinheiro, felicidade. O que eu prometo é diferente, eu prometo que durante os 365 dias, e durante as 24 horas de cada um deles, de todos os anos da minha vida, eu vou lembrar de você, desse mesmo jeito que eu lembro agora, dois grandes olhos, que guardam o caminho para a lua.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Vento.

Não finja sentir o que mais nem eu sinto. Não enfeite seus beijos com um calor que agora não existe. Não tente esquentar meu corpo com seu eu-triste. E se o 'para sempre' existe, ele nos abandonou. Saiu para caminhar ao ar livre, foi fumar um cigarro, bater um papo, não importa, ele acabou de passar por aquela porta, e não vai voltar. Fizemos juras e promessas, e foram elas que acabaram de ser arrastadas pelo vento, junto com os papéis que estavam na mesa. Era você escrita neles. E como eles, você caiu no chão, você deixou ser derrubada, e infelizmente, não sou eu que vou te ajudar a levantar, não dessa vez.

'Perfeito em tanto amor'

Arranco seu nome do meu peito e grito! Grito até que você se cale aqui dentro. Mas não grito de dor, pois a desconheço. Grito de amor. Por sua partida. Para o inferno os lenços! Se a lágrima escorre, ela que escolha aonde vai parar. O grito nos fez silêncio e depois despedida. Mas não me visto de preto só porque o amor está de partida.

Rumo, estrada turva, sou despedida
Por entre lenços brancos de partida

Em cada curva sem ter você vou mais .

(Teletema - Kid Abelha)

O desprender de mãos.

Em um sutil gesto minha mão desprendeu-se da sua. Senti um frio seguido de um desconforto, porém não fui invadida por uma sensação de vazio, ou de que algo estava faltando e tampouco senti saudade. Disseram que ia doer, me preparei para a dor, mas ela não veio. Talvez minha expectativa tenha a afastado de mim. Podia ser sempre assim, toda vez que você criasse uma expectativa quanto a uma dor, a dor se perderia, e ficaria só naquela do que poderia ter sido e não foi. O desconforto durou aproximadamente um piscar e meio de olhos. O que veio depois pareceu com o alívio de um parto bem sucedido. Como se eu finalmente colocasse para fora algo que, se passasse mais tempo dentro de mim, certamente morreria.

Gota à gota.

Eu não estava tentando fugir. Eu só queria sentir a chuva. Fazia tempo que ela caía, e mais tempo que não escorria sobre mim. Você devia ter esperado um momento, só um momento. Um momento foi o tempo que levou para você desistir de vez de nós. Você devia ter me esperado e devia ter me escutado. Pela primeira vez na vida - com você - eu sabia exatamente o que dizer. Não ia fazer das palavras de outros, minhas. A chuva caindo devia tornar tudo mais fácil, eu, pelo menos, sempre achei mais fácil perdoar os outros durante uma tempestade. Eu fui para chuva tentando lavar meus pecados, mas era você que ia decidir se eles podiam ou não ser deixados no passado. Você foi embora, e eu era só mais um corpo molhado.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Tempestade de você.

São uns vinte passos até você. Me questiono se vale a pena uma viagem a um destino tão incerto. A meteorologia do povo veio me dizer que não há quem sobreviva as tuas tempestades. Mas também disseram que com experiência alheia, não se aprende. Nunca fui de dar tiro no escuro. Na verdade, nunca tive um alvo. De alguns poucos amores vadios, restaram os rastros. Dentre eles um par de meias estranho, um violão sem cordas, amargura, e um coração ao meio. Nem tudo que se quebra, depois se conserta ou se encaixa. Para as meias, pés. Para o violão, cordas. Para amargura, um doce. Para o coração, ah, nada...


P.s.: Esse texto já havia sido postado neste blog, mas deu um pequeno problema, portanto estou postando-o novamente.

'Meu mundo caiu'

A chuva parou. Ou eu não consigo mais escutá-la? Posso lhe pedir um favor? Grita bem alto, aliás, me dê um tapa, e que ele doa. O que eu senti pela última vez foi uma pancada na cabeça, que se estendeu pelo peito, que resultou numa saída minha de mim. Você fez um discurso, mas eu só precisei de duas palavras, "Vou embora", e eu fui também. Não quis nem te esperar, ou saber para onde você ia. Eu só segui um caminho meu, que não faço sequer idéia de qual tenha sido. Sei que durante o trajeto tentei descobrir o que te fez partir. Mas aí parei, não me importa porque você partiu, se eu nem sei porque eu acabei fazendo a mesma coisa.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Alguém que caiba nos teus sonhos.

Te abracei bem forte, tão forte que senti como se você fosse eu, eu fosse você e nós fôssemos um só. A sensação durou um momento e alguns quebrados. Fotografei aquele momento e guardei-o no baú-coração, guardei-o também em minha mente, na esperança de que não houvessem nem chances de que um dia ele sumisse de mim. Achei que nunca mais te teria por perto, não assim tão perto. Eu pedi para que você sumisse, e você não fez outra coisa. Eu pedi sem querer, mas achando que queria. A verdade é que eu queria não te querer tanto. Parecia errado antes, mas não parece agora. O despertador toca. E você cabe perfeitamente nos meus sonhos.

Adeus à vontade.

Lembro-me bem de como te achei, entre todas aquelas cores em tons pastéis, um você-choque. Corri o singelo risco de morrer eletrocutada, mas não que eu me importasse, admito, em voz baixa, que minha vida estava precisando de um pouco de energia, e não ia reclamar de uma descarga de tal. Você deu vida ao meu eu-preto-e-branco, e eu tentei te agradecer de uma forma justa. Tentei, mas sem que você soubesse, não consegui. Eu te quis muito, eu te quis demais, eu te quis por um momento só. E quando ele passou, eu já não te queria mais. Você já tinha dado sua contribuição, e só ela, já me bastava. Não que eu não quisesse você por perto, na verdade, com ou sem você, parecia que dava tudo na mesma. Agora eu te via meio bege, e eu havia virado arco-íris. Obrigada por ter me dado sua cor. Mas agora, você já pode ir embora.

A vida é agora e agora você é meu amor. Você, amor da minha vida.

Amor doído, respeite bem as vírgulas que me separam de você. Não são pausas, mas nos dão espaço. E deve ser bem isso de que estamos precisando. Um espaço entre nós dois, para que não haja mais confusão, é que, meu bem, eu cansei de não saber, onde eu termino e onde começa você.

Não esqueça de bater bem a porta ao sair.

Eu estava esperando qualquer notícia sua com o coração na mão. E quando eu achava que havia chegado, eu o jogava para o alto, ele chegava até a bater no teto, e batia forte. Mas na dúvida, voltava. Foi quando uma notícia chegou durante o mesmo processo da batida forte que tremia as estruturas. Li aquele papel mal cortado e não temi ao atirá-lo no lixo. Suas notícias e você, são melhores na expectativa.

Aprecie com moderação.

Você é meu jogo. Então que rolem os dados. Acabei de abrir o tabuleiro, e se eu o abro, e quando eu abro, é para ganhar. Sem essa de jogo limpo, jogo os dados pela janela, quebro o vidro, e se precisar, quebro até mesmo o tabuleiro, dó e piedade são coisas de três, quatro Séculos atrás. Chegou a vez da minha jogada, não estou aqui para brincadeira e os adversários que se retirem. Acho que tirar um cinco já basta, vi que você procurou cruzar seu olhar com o meu. Daqui a pouco você para e repara, nenhum jogador está se entregando como eu. Avanço uma, duas, três, quatro, cinco doses, até já sinto seu cheiro. Me entregam os dados, só faltam mais três...joguei! Dois! Mais um pouco e...é só impressão ou é sua boca colada na minha? Xeque-mate, (te) ganhei!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Causa da morte: Overdose de mim.

Me virei de uma vez, sem sequer me dividir em goles. Me senti inteira, me senti ali, me senti em mim. Provavelmente pela primeira vez em anos, um ano, quase dois. Antes só sentia você, ou só me sentia em você. Sentia bastante, chegava até a doer, mas uma dor grave, não uma daquelas dores agudas, sabe? Daquelas que duram, e que não vão embora com uma distração qualquer. A gente fazia doer ou era só você? Eu diria 'a gente' se a dor não tivesse se prolongado a 'eu sem você'. Você saiu de mim e eu resolvi me experimentar, sem dor e sem traumas, eu não posso me machucar, ou posso, mas não vou sequer tentar. Me senti e me senti bem, sem dor, mas com algum...amor? Amor próprio, do saudável, e não do asqueroso. Não que eu me ame enlouquecidamente, talvez ame eternamente, mas só amo porque quem, se não eu? Neste dia, houveram duas mortes e uma ressurreição, matei nós dois, mas eu ressurgi, depois de uma overdose de mim.

Do fundo do meu coração (Ou daquilo que sobrou).

Eu parei para achar que não somos nós, somos eu e você. Não somos feitos para a mesma palavra, não somos feitos para sempre. Você me deu uma metade do seu, eu não te dei uma metade do meu. Não pense que tenha sido por egoísmo, não é para tanto, é só que a metade não quis se entregar para você. "Entregasse inteiro então", talvez se eu ainda tivesse as duas partes, mas uma foi-se embora, ao som de outra canção. Mas mesmo assim, a metade não é para você, como você não é para mim.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Sol Pausado.

O sol parou como pára um carro. O sol parou para você atravessar. Você me atravessou feito um punhal no ar. A chuva começou a cair, quem sabe só para te molhar. Você era digna de um luar. Lua cheia de mistérios a desvendar. Pequena pausa, me deixe a pensar. Você era tudo que eu sempre quis. Você era tudo, mas mesmo querendo, não te quis.

Desprezo e a prazo.

Senta ao meu lado e me esquenta,
Inverno chegou ao coração.
Assim com tanta espera,
meu peito logo congela.
Fui nuvem e ganhei o céu.
Fui sua e ganhei o seu.
O seu desprezo e ingratidão.
Custava tanto assim,
me dar seu coração?

Da pena fez-se dó. Da dó fez-se um nó.

Sala de cinema vazia. Eu, você, o som de nossa respiração. A minha inspiração se confunde com sua expiração, nossos dedos entrelaçados, a lua grande na tela cheia. Eu sigo todos seus passos pelo canto dos olhos, com um tropeço me engasgo de amor. A música toca no ritmo da cena. A cena não é nossa, vai ver nosso amor não é filme. (Que pena).

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Presente Perfeito para se conjugar em todos os Futuros.

Um daqueles momentos de cruzar os dedos, olhar para o céu e desejar que dure até tudo virar pó. Foi um ano de quebrar alguns copos, chutar algumas cadeiras e fechar algumas portas, mas para tudo há conserto, e para me consertar, apareceram vocês.