segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A Flor.

Apaixonei-me primeiro pelo teu vulto apontando na esquina. Depois por teu sorriso caído de lado. Aí então vi teus cabelos ao vento, e quis também poder tocá-los. Fui quando olhei-te mais de perto e percebi algumas manchas de sol. Tentava escondê-las, sei bem, mas não pude evitar uma análise de tuas falhas. Diziam-me algo em segredo. Quem um dia fostes para um dia tê-las? Quem agora eu era para enfim percebê-las? Era a forma como tu tornavas-me fraco, e ao olhar-te, tornava-te imortal em minha existência. Era a forma como teu sorriso caía como o véu de uma noite de céu limpo. Era aquela tua cara tímida de quem não sabia o que fazia no mundo. E minha coragem inventada de dar-te motivos.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Temporariamente Fechado.

Título bem claro, não? Deixarei isso aqui por uns tempos, estou tentando fazer algo maior.
P.s.: torçam para que dê certo.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Capítulo VI

Falava em casamento. Minhas primaveras estavam prestes a ganhar mais uma. Vinte e dus primaveras e um casamento. Casaria-me no outono, quando mais primaveras tivessem passado. Seu amor era uma borboleta, não tinha medo de vê-la voar perto, mas tinha medo de segurá-la na mão. Não tinha medo de que outra borboleta passasse e levasse a dele embora. Cabia ao destino. E, ainda, presa em um casulo, eu não teria como impedir. Gostava sim da forma como ele me olhava, e me julgava desnecessária de julgamentos. Gostava de sua voz lendo um poema, comemorando um gol, dizendo que me amava. Mas meu amor por ele era uma borboleta que ainda não tinha aprendido a voar.
[...]
Seus olhos mal eram vistos entre as lágrimas. Agradeceu-me por estar ali com ele, por só estar com ele. Disse-me que não tinha medo de perder a vida, mas de me perder. Eu quis quebrar meu casulo, não sabia se para que a borboleta aprendesse assim a voar, ou para que caísse no chão e desmanchasse-se. Não queria perder sua borboleta, mas não queria que ela apoiasse-se na minha dessa forma.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Juro.

Nada em ti me era mais admirável que tua tristeza. Havia beleza em teu olhar repousado sob o chão, nas tuas sujeiras fazendo volume por debaixo do tapete. Fostes sempre o humor depois de um abraço interrompido, de um beijo por tanto esperado, cujo gosto fez-se amargo e depois insípido. Mais chamava-me a atenção tuas escalas de cinza do que qualquer arco-íris prevendo chuva. As madrugadas tornavam-se poesia quando presenteadas com tua embriaguez de melancolia. Tuas dedilhadas nas cordas de um velho violão eram mais doídas que um choro, que um grito de desespero ecoando por entre os prédios de uma cidade escura. Tuas lágrimas faziam até com que o céu chorasse, pois escorriam pelo peito direto do coração. Coração que batia sempre fraco, quase implorando para que parasse. Teus lábios eram secos, quase imóveis, pálidos, fúnebres, porém, sempre muito convidativos, convidavam os meus para que beijassem tua morte em vida.