domingo, 6 de dezembro de 2009

Capítulo VI

Falava em casamento. Minhas primaveras estavam prestes a ganhar mais uma. Vinte e dus primaveras e um casamento. Casaria-me no outono, quando mais primaveras tivessem passado. Seu amor era uma borboleta, não tinha medo de vê-la voar perto, mas tinha medo de segurá-la na mão. Não tinha medo de que outra borboleta passasse e levasse a dele embora. Cabia ao destino. E, ainda, presa em um casulo, eu não teria como impedir. Gostava sim da forma como ele me olhava, e me julgava desnecessária de julgamentos. Gostava de sua voz lendo um poema, comemorando um gol, dizendo que me amava. Mas meu amor por ele era uma borboleta que ainda não tinha aprendido a voar.
[...]
Seus olhos mal eram vistos entre as lágrimas. Agradeceu-me por estar ali com ele, por só estar com ele. Disse-me que não tinha medo de perder a vida, mas de me perder. Eu quis quebrar meu casulo, não sabia se para que a borboleta aprendesse assim a voar, ou para que caísse no chão e desmanchasse-se. Não queria perder sua borboleta, mas não queria que ela apoiasse-se na minha dessa forma.

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