segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Tá tocando no rádio. Aquela música, tá tocando no rádio. É de dar arrepios – foram-se os tempos de frio na barriga. A vez já passou. Olha prá trás, um, dois, e se foi. Não te culpo – me culpo. Para cada passo, uma martelada. Proporção. Não se culpa – me culpa. Um, dois, e se foi. Já faz tempo. Parece ontem. A música ecoa. Fazia tempo que não a escutava. Parece ontem. Ontem eu passei bem perto da sua casa, e te vi ali, em pé, de costas para mim. Fazia tempo que não te via. Parece ontem. Senti tanto a sua falta. Parece ontem. Foi ontem, hoje já não mais.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Eu pego um papel e uma caneta, risco, rabisco, insisto. Ouço passos, pesados, secos, cansados. Há uma dor dentro do peito. Que dor? É coisa de doido, imaginária, sem começo e sem fim. Pausada. Bate um coração aqui dentro. Por que? Tem de bater? É realmente necessário? Repito, por que? Não é por fins musicais, carnais, espirituais. Ou é? Vai, me diz agora. Ou eu posso ter um órgão do tamanho de um punho fechado no formato de uma pêra com a ponta virada pra baixo e que de dor bate, mas não posso ter respostas?