terça-feira, 31 de março de 2009

Foto.

Cabe as fotos me lembrar do que sentia, do que amava, do que me movia. Joguei todas fora, quero o poder de sentir tudo (de) novo.

Verso (Quase) Mudo.

Eu dou as costas e vou embora.
Não há beco, nem saída.
Enquanto chove, surge o sol.
Não há cura, há ferida.

Proibiu-se.

Quem escreveu, que é preciso ter fé, que é preciso ficar de pé, que não pode chorar? Reclamo agora, senão, também é proibido amar.

Qualquer Hora.

Me vejo feito poesia, te fiz inspiração. Tudo o que fui, tudo o que sou agora, retrato de qualquer hora (em que tive você).

Rima do Satisfeito.

Sofrimento. Tampe-me os ouvidos. Bloqueie meus sentidos. A banda toca e as horas passam. Guarde meu coração, diferente de nós, ele não é uma ilusão.

Combinado?

Alguém chegou e se posicionou no seu lugar. Se você não quer, não finja se importar.

Mesa.

Sorriso se fecha. O céu escurece. Passa tanta gente por aqui, as sigo com os os olhos, sem qualquer interesse. Vejo a vida nos óculos dos outros, reflexo da tristeza. Cansei da poesia, pode colocar a mesa.

Sonho Bom.

A voz do povo diz que sonho bom não se conta para ninguém, senão não se realiza. Anteontem sonhei com você, temi a hora de acordar e quando acordei só queria que me deitar de novo. E quando me deitei, no sonho não te encontrei. Contei dele para um amigo. Se não se realizar, pelo menos alguém vai se lembrar...

Dadaísmo Poético.

Lateja a cabeça dura. Informam-me de tudo que eu não quero saber. Atiram, sol à queima roupa. Não pertenço aqui, não sei porque.

Seguir em Frente.

A qualidade daquilo que falo, a insensibilidade daquilo que calo. Agora sofro, mas só agora. O tempo passa, daqui há pouco, vou-me embora.

Silêncio?

Estava reservado ao silêncio tudo aquilo que eu queria te dizer. A reserva foi feita em um Domingo à noite enquanto temia que a chuva levasse o melhor de mim. A reserva foi feita para uma hora qualquer, de um dia qualquer, no qual você resolver me olhar nos olhos e me dizer qual é.

Mentira para descontrair.

Convém agora me calar, te entreguei mil declarações, mas nenhuma te satisfez. Não me procure mais, roubaram sua vez.

Posso te ligar?

Entreguei minha felicidade na mão de quem fez a chuva cair. Na beira do precipício até o sorriso é triste. Não haverá ninguém que venha me empurrar. Não haverá ninguém para me segurar. Perco o fôlego e pulo. Te ligo quando chegar lá.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Metáfora de Segunda-feira.

Imagine um estacionamento. Um estacionamento lotado. Imagine que eu estou nele, procurando uma vaga. Não há vaga. Não existe um espaço reservado para mim. Não caibo ali. O rapaz que vigia os carros insiste em me dizer que talvez eu ache um lugar. Diz que talvez apareça uma vaga ali, que tem gente saindo do lado de lá. Eu espero. Dou voltas e mais voltas sem achar um lugar. Ele sugere que eu pare no acostamento. Mas eu não vou parar ali, é um lugar provisório, improvisado. Eu não vim até esse estacionamento para ficar no acostamento. E se não for abrir um vaga, se eu não tiver um lugar, quero que me avisem, não saí de casa para ficar andando em círculos.

domingo, 29 de março de 2009

Quem, eu?

Quando a chuva cai, quando o cigarro apaga, quando as palavras não mais cabem. O que convém, o riso, o choro ou o silêncio? Eu sigo só, mas é só assim que me encontro, sem me ver esconder em ninguém. Eu em carne, osso, e concreto. Não me faça desviar o caminho, eu sigo só, eu sigo reto.

Passa( )tempo.

É de faltar inspiração. Ver tanta poesia no vento, na chuva, na solidão. Sento-me perto do relógio, espero até que os ponteiros se movam. O relógio contradiz o movimento do tempo. Os ponteiros vão e voltam para o mesmo lugar. O tempo passa para você nunca mais reencontrar.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Mesa.

Não cabe ao passado esse meu ódio. Cabe a mim e ao presente. A mim por não ter aproveitado. Ao presente por não poder voltar ao passado.

terça-feira, 24 de março de 2009

Dois corpos se atraem mutuamente.

Mão com mão.
Olho no olho.
Boca querendo boca.
Uma perna encostando na outra.
Me puxam contra você, eu sempre volto.
Não é amor, nem bem querer.
Mas não me entenda mal.
É só força gravitacional.

domingo, 22 de março de 2009

Alugo-me.

Coloque-me em ordem, não coloque-se em meu lugar. A negociação é simples entrego-me a quem souber amar. Existe em mim alguma bagunça, mas nada que não se possa organizar.

Azul-piscina.

Não é preciso despedida, se meu silêncio fala por si só. Não é preciso que me mostre a saída, chega a ser irônico como a conheço bem. Pode colocar um cadeado na porta, não planejo voltar. Não acene, prometi não olhar para trás. Em breve lhe enviarei uma foto, eu, você, e mais alguém a incomodar. Note como a nossa poesia rima, e a veja assim terminar.

Eixo L.

Estou pensando em me deitar no meio da pista, só para olhar para o céu. E quando eu fizer isso, quero que chova. Quero não saber o que são lágrimas e o que é chuva. Quero não saber quem sou eu e aonde termina o horizonte. Quero que todos se afastem, sinto que vou explodir. Quero que todos se explodam, sinto que vou me afastar.

Vulgaridade Temática.

Não caberia em uma folha, não existiriam palavras. Depois de toda confusão, existe uma pausa. Uma pausa ao som de silêncio. Eu queria enfim caber em algum lugar, eu queria que tudo coubesse em mim. Vou desaparecer por um tempo, vou ver se me misturo ao vento. Se eu não posso sentir tudo, prefiro me sentir só.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Vazio.

Minha mão anseia pela sua. Meu olhar busca você. Não é preciso que você se faça presente aqui, se isso transcende qualquer contato. Você está em menos corpo e mais alma. Nada vale o vento se me faltam palavras. E o que a gente tem, cabe ao inexplicável.

terça-feira, 17 de março de 2009

Querer não é poder?

Parece que eu ando escutando as músicas erradas, saindo com as pessoas erradas. Parece que nada mais me move. E aquele filme, antes tão triste, agora não mais me comove. Parece que eu estou repetindo as mesmas falas. Que estou andando em círculos. O riso perdeu a graça. Me sinto melhor triste. Queria que houvesse algum remédio, um abraço, um beijo que alguma coisa mudasse. Os remédios me escapam pelos dedos. Os abraços não encaixam no meu corpo. Os beijos não vêm mais de seus lábios. Querer não é poder. Mas se você quer, então por que não pode?

Passado Subjetivo.

Sentei-me frente a uma folha em branco e tentei percorrer uma linha além do eu e você. Escrevi “Eu” e fiquei ali ocupando pouco espaço...faltava alguma coisa...Depois do eu: vem tu; de tu: ela; dela: nós. Sempre vim na frente, até aprender a te conjugar. Eu era e tu és. Tu eras e ela veio como quem não queria nada. Foi entrando, conjugando-se sempre no presente, mas nunca foi perfeito. O perfeito pertencia e era tu, fosse no presente, no passado, no futuro. Trocaria seu perfeito pelo presente dela, se ainda fosse possível. Nós, que devíamos ser eu e tu, virou nós, de algum obstáculo na linha.

Topo do Mundo.

Eu perguntei: “O que você faria se estivesse agora no topo do mundo?”, e sem muito hesitar, ela respondeu “Eu pularia.”, ela me devolveu a pergunta, me enchi de tudo aquilo que outrora havia sumido, e respondi: “Te seguraria”.

Meu corpo inerte.

Sentia-se tão incompleta que parecia faltar alguma coisa no espaço entre seu corpo e suas roupas. Temia essa sensação. Mas secretamente pensava que iria embora com a chuva. Os ponteiros giraram, as gotas pararam, mas a falta de si ficou. Sabia que o mundo continuaria a girar, mesmo que ela não se sentisse mais nele. Queria poder atirar-se no céu e fazer tudo ao contário. Queria, mas jamais passaria disso. Olhou-se no espelho para ter certeza de que ainda estava lá. Seus olhos ainda tinham a mesma forma, seu olhar estava tomado por lágrimas e despespero, sua boca ainda era rosada, seu sorriso parecia ter saído de férias. Não entendia como, não encontrava um porque. Sentia-se tão leve como uma folha seca, mas tão inerte quanto uma pedra. A sensação era a de que havia morrido, mas não tinha sido avisada. De que poderia enfiar uma faca em seu peito, mas não sentir nada. Enquanto escrevo sobre ela, me sinto um pouco triste, quase desnorteado. Queria poder fazer alguma coisa, entrar na história e dar a ela um abraço. O mais triste é não poder fazer isso, mas talvez exista alguém que possa. E o mais triste ainda, é saber que ela também sou eu.

Bom dia, Tristeza!

Tristeza chegou como se não quisesse nada, como se viesse somente para uma visita, para tomar um chá. Entrou no coração sem sequer passar pela mente. Não quis sentar, deitou logo de um vez, ocupando todo o espaço que podia. Pedi para que me explicasse porque estava aqui, disse que a porta estava aberta. Perguntei se não preferia estar em outro lugar, respondeu com brutalidade que só ia para onde a queriam. Olhei para ela e retruquei: “Mas eu não te quero aqui!”, ela disse que antes de tentar convencê-la, eu devia convencer a mim mesma.

sábado, 14 de março de 2009

Porta aberta.

Não tente me calar, não tentei te prender aqui. A saída está logo ao lado, atravesse-a se quiser. Mas se considera a possibilidade de um dia voltar, não deixe para muito tarde, venha antes que o vento faça a porta fechar, antes que apareça um outro alguém para te trancar, do lado de fora.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Você viu a lua?

Sentamos na grama. Sentimos o vento. Sua mão bem perto da minha, meu ombro encostando no seu. Era bem possível que houvessem muitas estrelas no céu, mas não tive interesse. "Você viu a lua?", eu disse que sim, mas não era verdade, estava muito ocupada com você.

Aula de História.

Não entendia tão bem o tal presente, não queria se dedicar a ele por temer o futuro. E quando ele chegou, mutilava-se por ter deixado o presente virar passado. Podia ter dito o que queria quando era agora, mas quando o agora vira antes, talvez seja melhor só se calar.

Primeiro passo.

Passamos a caminhar em calçadas paralelas, sem harmonia nos passos. Finjo que não olho enquanto você fingi que retribuí. Olho para o nada, tentando secretamente te encontrar na multidão. E quando não te acho, é só olhar para o meu coração...

Com seus olhos nos meus.

Precisei que você olhasse somente para saber que de alguma forma, você ainda estava lá. Doía como uma ferida completamente exposta. E era de fato uma ferida, causada por alguma coisa entre não querer e querer demais. Uma ferida causada pela dúvida, pela indecisão. Quis que você olhasse somente para saber que de alguma forma, eu ainda estava lá. Mas você olhou sem que houvesse algum motivo. Os olhos sempre foram a janela para a alma, mas não haviam me avisado que você havia colocado cortinas.

terça-feira, 10 de março de 2009

Eu te seguro.

Eu te dou meu ombro, mas tente não chorar. Não precisa erguer a cabeça, mas mantenha seus olhos nos meus. Se precisar se segurar, não esqueça da minha mão. Não só te dou um abraço, como prometo te guardar em meus braços. Deixe essa lágrima secar. Você é tão mais bonita quando sorri.

Tristeza.

Hoje eu me apaixonei de novo. Por alguém que passava na rua, que vagava sem rumo por aí. Não me importei com a origem, o cep ou o endereço. Meu amor não pede informações. Meu amor só pede calma.

sexta-feira, 6 de março de 2009

O Vento.

Uma a uma as luzes se apagam. Gota a gota a chuva cai. Pedaço por pedaço um grande amor se vai. Cobriu seu corpo com nuvens, mas elas estavam só de passagem. Não estava só nua de corpo, mas nua de alma. O vento a fazia mais gelada do que o coração de quem a deixou assim. Sentiu como se a solidão não fosse apenas um estado, mas uma condição. Passou a não se importar mais com o vento, fez dele companhia.

Posso ouvir o vento passar, assistir à onda bater,mas o estrago que faz, a vida é curta pra ver...
(O Vento - Los Hermanos)

quinta-feira, 5 de março de 2009

O decorar de palmas.

Perguntava-se qual era a sensação de deixar de lado alguém que deixaria a todos menos ela. Perguntava-se como seu coração bateria se escutasse tudo aquilo que sempre quis, mas que nunca saiu das bocas certas. Entretia-se com o vento nos cabelos e o sol de apertar os olhos. Estava tentando decorar a palma de sua própria mão por ter se cansado de decorar a dos outros. Torturava-se lembrando da caixa de recordações que havia atirado no lixo. Feria-se por não ter sido uma pessoa digna de segundas chances. Temia afogar-se em arrependimentos, mas não podia fazer de seu medo um porto seguro. Havia tido suas chances, mas notou-as apenas tarde demais. Arrepender-se valia, só não sabia exatamente o que.

Boca.

Taparam-lhe a boca, mas não evitaram o grito. Quando a poesia se esvai só resta o choro. Do canto escuro à multidão se esvai também o ar. Quando as lágrimas secam restam os lenços. Lenços pretos e amarrotados. Despeça-se rapidamente. O que te comove não vale nada se não te move.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Não é não.

Ele ocupava um grande espaço, um espaço privilegiado e intocável, espaço localizado no coração dela. O coração dela tinha perdido uma parte, uma parte mais doada do que arrancada, apesar de ter doído como um mesmo osso que se fratura pela terceira vez. Ele não sabia de seu espaço, não tinha idéia de seu tamanho. Ela nunca fez questão de contar, preferia mantê-lo ali em segredo. Ela também ocupava um bom lugar, bem ali, no coração dele, entre bons amigos e algumas dores no peito. Ele fez questão de contar, não queria fazer disso segredo. Ela sabia que tinha um lugar, mas não sabia o tamanho dele, não sabia se estava entre hobbies ou nas melhores coisas de sua dele. Não quis contar para ele que o espaço que lhe pertencia era um camarote fechado para tão somente ele, apostando que sua maior chance era de estar nas cadeiras. Ele não sabia nem que tinha um lugar, mas conseguia enxergar que alguns outros tinham. Pensou que tivesse sido bloqueado na entrada. Preferiu ir para casa depois de várias tentativas. Ela não viu que ele tinha trancado a porta e insistiu em tentar abri-la. Pegou todas as palavras que conhecia, mas não pôde fazer nada com elas além de escrever uma triste poesia.