quarta-feira, 4 de março de 2009

Não é não.

Ele ocupava um grande espaço, um espaço privilegiado e intocável, espaço localizado no coração dela. O coração dela tinha perdido uma parte, uma parte mais doada do que arrancada, apesar de ter doído como um mesmo osso que se fratura pela terceira vez. Ele não sabia de seu espaço, não tinha idéia de seu tamanho. Ela nunca fez questão de contar, preferia mantê-lo ali em segredo. Ela também ocupava um bom lugar, bem ali, no coração dele, entre bons amigos e algumas dores no peito. Ele fez questão de contar, não queria fazer disso segredo. Ela sabia que tinha um lugar, mas não sabia o tamanho dele, não sabia se estava entre hobbies ou nas melhores coisas de sua dele. Não quis contar para ele que o espaço que lhe pertencia era um camarote fechado para tão somente ele, apostando que sua maior chance era de estar nas cadeiras. Ele não sabia nem que tinha um lugar, mas conseguia enxergar que alguns outros tinham. Pensou que tivesse sido bloqueado na entrada. Preferiu ir para casa depois de várias tentativas. Ela não viu que ele tinha trancado a porta e insistiu em tentar abri-la. Pegou todas as palavras que conhecia, mas não pôde fazer nada com elas além de escrever uma triste poesia.

2 comentários:

Anônimo disse...

depois que você ganhar o prêmio Nobel de literatura vc me chama tá!?
;D
eu sempre gosto dos seus textos.
sempre.

s2

Raíra Cavalcanti disse...

Que medinho de ter espaço em alguns corações e nem saber...