sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Café da Manhã.

Passaria para visitar-te de manhã cedo. Sentaríamos no balcão da padaria, eu pediria um pingado, e você um suco de laranja natural. Você olharia-me nos olhos, puxaria-me para perto, riria quando minha cadeira cambaleasse, lamberia os lábios, respiraria fundo e diria que amava-me. Eu diria que amava-te mais. Tu olharia-me com aquela cara de quem não entendia como, e então eu diria-te os porquês. Tu acrescentaria os portantos, e por pouco não deixaria escapar os entretantos. Eu queimaria minha língua com o pingado, tu dirias que o acontecido só se dera por eu ser tão boba. Jogaria em ti a culpa de minha bobeira. Tu olharia-me com aquela cara de quem não entendia como, e então eu diria-te quando. Tu pediria pela data, mas minha memória mostraria-se fraca. Teu suco viria com gelo, e então eu exaltaria-me como se deixassem-te morrer na maca do hospital. Tu dirias não ter visto problema, e passaria a mão por minha perna. Eu então acalmaria-me, beijaria teus lábios, que já molhados narrariam teu amor por mim. Eu olharia-te com aquela cara de quem não entendia como, faltariam-te os porquês. Diria-te os portantos, os para quê, e o para sempre.

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