terça-feira, 24 de novembro de 2009

Carta ao Passado.

Começamos com um cumprimento.
Como estás? Por onde andas? Sumistes dos meus sonhos, quero dizer, pesadelos. Um dia desses veio-me à memória a tua lembrança. Veio feito um filme antigo, repleto de cortes, sem sequência temporal. Rebobinei-o, assisti-o ao avesso, mas permaneceu sem imagens nítidas. Vi-me sentada ao seu lado, sem contraste. Assisti, nos meus lábios, o surgimento de um sorriso forçado. E nos teus, a permanência de um sorriso gélido. No enfoque que deram em nossas mãos, vi-as separadas pelo espaço - de tempo. Enganávamos a quem? Pois nem nós mesmos acreditávamos em nós, nem muito menos fitas, nem muito menos laços. Éramos um par de cordas desatadas que, sozinhas, romperam-se. Lembro-me do choro. Chorávamos como se nossas cordas tivessem sido separadas. Sabendo, no fundo, que chorávamos por elas nunca terem unido-se. Não era minha corda com a sua, ou sua corda com a minha. Era corda com corda e a esperança de uma concordância nominal. "Nós amamos, nos amamos". Mas não amávamos não. Eu amei de um lado, e você amou de um outro. As cordas, não nós.

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