domingo, 8 de novembro de 2009

Sentidos.

Das tantas vezes que terminaram. Das tantas outras que voltaram. Encontravam-se sempre debaixo do mesmo céu de suas bocas. E abraçavam-se. E aninhavam-se. E embolavam-se. E amavam-se. E odiavam-se. E despediam-se. E reecontravam-se. E seguravam as mãos. E seguravam os pés. E seguravam o choro. E um seguia para um lado. E um seguia para o outro. E um olhava para trás. E um olhava pouco depois. E davam a volta na rua. E davam voltas em seus mundos. E a calçada terminava no mesmo lugar. E entreolhavam-se. E entre olhares viam-se. E entre vias amavam-se. E o trânsito parava. E a chuva caía. E a música tocava. E tocavam os sinos. E tocavam os corpos. E tocavam as almas. Das tantas vezes que voltaram. Das tantas outras que terminaram. Encontravam-se sempre debaixo do mesmo céu de Brasília. E estranhavam-se. E reconheciam-se. E conheciam-se. E apresentavam-se. E despediam-se. E um seguia para um lado. E um seguia para o outro. E um olhava para trás. E um já estava olhando. E então voltavam. E encostavam-se. E decoravam-se. E de cor sabiam,
a cor
o gosto
o cheiro,
e de tato, o tanto que é triste estar só.

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