quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Tempo.

A bateria de seu relogio de pulso acabou, mas continuou a usá-lo. Acreditando que, no momento em que ele parou de funcionar, o tempo parou junto. Precisava de algo no qual acreditar então, com toda a inocência que restou de sua infância, acreditou no fim do tempo. Enquanto os relógios alheios corriam junto a suas pernas, ela sentava-se no meio-fia e assistia o tempo dos outros passar. Via-os conquistarem novas rugas, enquanto ela havia conquistado um pouco de paz. Por não ter mais o tempo, tinha todo o tempo do mundo, e usava-o para minimizar os minutos, e como consequência, os estragos. A vida iria passar, mas ela não passaria por ela. Tinha o tempo e a vida em suas mãos. Tinha o mundo. Os que viviam sem tempo, não viviam, corriam, tropeçavam, enrolavam-se e caíam. Ela vivia sem tempo porque o tempo não existia, então tinha calma, alma, e sua vida nunca acabaria, pois sem tempo, seu tempo não poderia esgotar.

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