segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Lua.
Juntos, conheceram a felicidade em sua forma mais simples. A felicidade dos olhos nos olhos e das bocas fechando palavras. Sentavam-se à mesa do café da manhã e passavam a margarina para o outro sem precisar que pedisse. Acordavam e iam dormir sempre do mesmo lado, sempre com o mesmo aconchego, mesmo abraço. Ele sabia de sua mania de colocar, sempre, primeiro o açúcar e depois o café. Ela sabia de sua mania de cobrir seus olhos em um filme de terror. Deitados na cama, com as pernas embaralhadas, sentiam-se protegidos de tudo, inclusive deles próprios. Viviam inteiros pela metade. Ela nunca explicou porque sempre pedia seu chá gelado em temperatura ambiente. Ele nunca contou-lhe que colecionava cartões telefônicos. Quando faziam amor, faziam-no de forma lúdica e morna. Programavam-no. E repetiam os mesmos passos, tantas vezes ensaiados. Ela sempre tinha sido razão. Ele sempre ia além da perfeição da forma e a combinação de cores. Em um amanhecer, confundiram a margarina com a geléia. À partir daí, perderam as razões, mas nunca o sentimento...
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