segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Cadeira.

Enlouqueceu, diriam se vissem-na nesse estado. Sentada em uma cadeira de praia, no gramado em frente ao Congresso, olhando para cima. Perguntariam-se para o quê ela estaria olhando. Cheios de ironia perguntariam, "O que foi? Nunca viu o céu não?". Cheia de certeza ela responderia que céu assim, nunca tinha visto não. Extremamente claro em sua escuridão. Limpo, cobrindo a sujeira alheia. Sentada ali, na Praça dos Três Poderes, desprovida de qualquer poder, sentia-se diminuir. Era a imensidão do céu, a multidão de carros, a pequineza de seu corpo pálido. Enlouqueci, diria se visse-se nesse estado. Não disse. Não viu. E ainda que visse, talvez poupasse tal palavra. Guardaria-a junto a loucura, que era a única coisa sua, só sua e de mais ninguém.

Nenhum comentário: