domingo, 14 de fevereiro de 2010

Senhoria.

Gosto de ser cortejada, como a mulher de tantos anos que sou. Fios acinzentados, caídos sobre a testa, entregam a muita história que a poucos quis contar. Assisti a muitos Outonos, ví-los virarem Invernos. Despretenciosamente, recebi alguns buquês de flores roubadas. Contive meus choros forçados, e recebi, como uma grande surpresa, as mais elaboradas palavras. Ouso ao disfarçar a idade com camadas de juventude em pó. Mas de outra forma, meus vasos estariam eternamente destinados ao vazio, às velhas orquídeas que teria comprado na porta do cemitério. Jamais cedi a um cortejo achando-o fuga. Senti-os todos na barriga, gelados. Aprecio todas as tentativas de roubar-me pedaços colocando-me em um papel, embora nenhuma delas tenha sido incontestavelmente eficiente. Deixo que roubem-me sorrisos, e embalem-me em uma valsa à meia-noite. Mas não desejo amor, a esse, na verdade, agradeço. Foram muitos fios acinzentados e estações a sua procura. E oras, como esconde-se bem o tal rapaz...

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