segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Estômago.

Negativos eram os graus naquela tarde esbranquiçada de Sábado, quando pôs-se a declamar um pedaço de Drummond em plena Place de la Concorde. O sol iria pôr-se em breve, e nenhum momento seria mais justo. Mais tarde pegaria um avião, tendo aquele momento filmado em preto e branco. Estaria de volta a América, e depois de diversas piruetas no estômago, entregaria o gesto em mãos. Precisaria tocar a campainha três vezes, para que ela enfim atendesse. Ela através daquele pequeno buraco e reconheceria sua feição cansada. Estaria ele com a filmadora e flores em mãos, palmas gélidas, trêmulas. Antes que ela tomasse a iniciativa de cumprimentá-lo com um abraço distante, ele convidaria os lábios dela para uma dança. E acabaria cantarolando um trecho da música que teria acabado de escrever. Ela olharia-o com escuridão, trajando poucas vestimentas, negaria a valsa, não sabia os passos. Estranharia-o o bastante para pedir que saísse dali, acompanhada estava. Inconsolável, ele deixaria os agrados no chão. Partiria dessa vez para o oriente, atrás de novos costumes. Sentia ter feito tudo tão certo, mas descobriria, mais tarde, que seu amor entrou em desuso.

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