domingo, 14 de fevereiro de 2010

Pesada.

Acordava silenciosa. Seus olhos, arregalados, davam a impressão de ter passado por um susto. Punha-se a cuidadosamente analisar seu reflexo no espelho. Não tivera envelhecido tanto desde o dia anterior, mas suas olheiras entregavam o aumento de um cansaço. Estava fatigada, dispensava qualquer companhia. Acendia logo uma bituca de cigarro que restasse, e preparava um café. Mantinha-se acordada, e preguiçosa, atirava-se na cama. Protegia-se com uma manta peluda e ficava a pensar sobre a vida. Tantas vezes fora despertada por olhares curiosos, retribuídos com sorrisos desconcertados. Mas nesta época, em que vivia o Inverno, preferia o apito do relógio, e os lábios selados.

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