segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Futuro.

A curvatura de seu corpo prendeu-lhe a atenção. Era um mar de morros circundando um oceano gélido. Olhou-a tão profundamente, precisando penetrá-la naquele exato momento. O que para ela deveria ter sido um lisongeio, tornou-se incômodo. Sentiu-se visualmente abusada, e secretamente envolvida. O olhar que lhe era direcionado não cabia ao lugar, nem ao momento, mas caberia em um quadro que eventualmente, ela viria a pintar. Tentaria retratar aquelas íris nebulosas com seus traços descuidados. Não limitaria-as pelas pálpebras cansadas. Deixaria-as livres para seguirem até onde tinham fixado-se. Seus interesses confundiam-se no tráfego de olhares e olhadas. Talvez teriam ficado mais claros em algum outro planeta. Aquilo que estavam vendo, era tudo aquilo impossível de enxergar.

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