quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Carne.

Sobre as flores.
Sobre o vento.
Sobrenaturais,
sobre amores.
Sob a mesa, o papel.
Sob a cabeça, uma forma de ignorar o céu.
Submerso e subentendido.
Na mão, o cigarro.
Na boca, a caneta.
Com a mão escreve sua sina.
Com a boca descreve uma cena.
Os lábios fantasiados de beijos,
redigidos em papel de seda.
Carne ferida
é carne fraca.
Carne trêmula é filme.
Carne por carne não vai ao cinema.
Ar-condicionado,
ar com condição.
A condição de ser sugado,
transformado e abandonado.
Feito a carne que em carne vira espírito.
Que vira alma.
Que vira mundo.
Que vira cabeça.
Que vira pó.
Carne com carne vira relação.
Relação vira fórmula.
E as fórmulas viram forma de calcular.
As formas e as fórmulas,
de carne com carne algo mais tornar.
Entorna o copo.
Entorna o corpo.
E em tornar-se tanto,
carne com carne torna-se desejo.
Anseio.
Ânsia.
De vômito?
De conceber.
Realiza-se um carne com carne quântico.
Cujo resultado concedido,
outorgado,
é nulo e sempre perdido.

Nenhum comentário: