domingo, 18 de outubro de 2009

Epiderme.

É preciso que doa.
É preciso deixar-se doer.
É preciso buscar a cura,
e quando encontrá-la,
deixá-la de lado.
É preciso ver a ferida,
e deixá-la fechar,
até tornar-se uma cicatriz.
Para ser exibida,
para ser exigente,
para usar como desculpa,
para saber desculpar.
A culpa não é de quem fere,
é de quem deixou-se cortar.
As facas afiadas,
tais como as palavras.
Furam as dermes,
até que um osso,
ou o esgotamento,
façam-nas parar.
É preciso mostrar-se.
Todos e cada um de seus pedaços,
especialmente os que foram levados.
Arrancados.
Triturados.
É preciso que doa.
Nunca nos outros.

Um comentário:

Raíra Cavalcanti disse...

"Cicatrizes eram um troféu, algo que só os que sofreram e transcenderam o sofrimento podiam ostentar, evidências de vida arriscada e plena.". E a dor só vem com a vida arriscada e plena, pra fazer valer...