sábado, 3 de outubro de 2009

Aprendizado Pleno.

Acordar às seis para ir dormir às dez. Dos noticiários à doce vida na tela da televisão de primeira geração. Acordando ao som de balas peridas e - sequestros - relâmpago, sendo colocado para dormir com a música-tema de uma romance televisivo. Enfrentando o cotidiano e a maratona de Domingo de algum seriado americano.
Na Sexta-feira de uma semana como as outras, que diferenciava-se apenas pela programação especial de verão, a chuva caiu e a luz faltou. O céu desabou, meus planos também. Quis poder assistir qualquer filme na televisão, com qualquer rosto famoso, qualquer pingo de emoção. O aparelho não ligava por vontade, prece, nem promessa. Assisti, então, ao reflexo de meu rosto desconhecido tornar-se protagonista da tela preta.
A chuva acabou, sem luz e sem dinheiro, desci para tomar uma cerveja na esquina das prostitutas e da solidão. No caminho para o bar, parei para reparar nas crianças que não sabiam o que fazer com a bola que tinham encontrado, não sabiam como funcionava o jogo, só sabiam do que viam na televisão. Quis parar para ensiná-las, mas a pouca memória não conseguiu resgatas o que aprendi na infância.
Cheguei ao bar, pagaria fiado, mas não valia endividar-me por uma cerveja gelada que já havia esquentado. Caminhei pelo centro, sentindo-me meio de lado. As cores das vitrines confundiam-se com o céu nublado. Céu que não cheguei a ver, não sei se pela presença de muitas nuvens, ou pela ausência de uma TV.
(Redação da escola, é.)

2 comentários:

SOFIA ETCHEVERRY disse...

Lembro disso..

Anônimo disse...

o que é um aprendizado pleno?