terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Prazeres.

Assistirei desde o desconsolo de tuas pálpebras até a queda de tua primeira lágrima. Estarei de pé a elogiar tua dor. Comprarei-te flores assim que torná-la forma manjada de arte. Quero poder acompanhar-te desde o primeiro passo que tenha dado. Voltarei no tempo para assistí-lo. Imaginarei-o enquanto vejo-te cortar as batatas. Quero amansar-te o coração e amaciar teu travesseiro. Quero querer-te como quis um dia sentir a dor de um parto. Preciso que diga-me qual das cores é a tua favorita, preciso dizer-te qual melhor combina com teu tom de pele. Quero identificar cada uma de tuas marcas, e quero que, comigo, você tenha uma de nascença. Quero ver em tua pele a concepção de nós. Preciso que dê-me o direito de assistir-te fazendo um pão, colocando a mesa, quebrando um copo. Preciso que os cacos cortem-te. Quero olhar tua ferida. Quero imaginá-la e imaginar-te doída. Quero cobrí-la de sal. E quero, acima de tudo, que você sorria.

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