segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Piaf.

Quis tanto fazer-me feliz, mas fui eu quem tomou o primeiro passo. E os que vieram logo em seguida. Fui eu quem olhou para ela, e olhou para nós, e entreolhou entrequadras, e foi em busca de um maço de cigarros. Eu que segui pelas quebradas de corpo inteiro. Eu que observei-a pelo retrovisor. Eu que pisei no acelerador. Eu quem nunca deu ré. A felicidade foi a lembrança dos bons momentos, o encurtamento dos ruins. Dei a ela o presente que empacotei para mim. Deixei que ela sorrise ao ver-me abaixando os vidros. E acenei como quem voltasse já. Não voltei. Não pretendo. A felicidade que ela poderia dar-me, estava na tristeza de roubar-me dela. Os cigarros eu achei, meus incontáveis maços. Minha incalculável vontade de antes da partida, ter quebrado o espelho do retrovisor. Adeus a quem fica. Ao Deus que ficou.

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