domingo, 2 de janeiro de 2011

Sara Flávia.

Confesso que são tentadoras as explosões de hormônios, peles, sensações, e pensamentos, por detrás do processo pré-paixão-avassaladora. É tão precioso aquele único olhar em que vemos em nós toda uma esperança de mutualidade. E jogamos todas as cartas. Erguemos as mangas e, inconscientemente, estamos leves. E livres. Graciosamente livres. Prontos para arder de febre e quem sabe, quem sabe, passar as noites acompanhado. Cadê você? Aonde está você? O que está fazendo? Com quem tem andado? Cadê você? Eu quero te ver. Preciso te ver. Te saber, como um todo e por partes. Acho que estou sofrendo, de verdade. É algum mal, ao qual ainda não deram um nome alemão, ou sei lá nome de que língua dão pra essas coisas. Mas também não sei se é mal mesmo, mas é alguma coisa. Alguma coisa grande, e pesada, porque eu quero falar com você, e te ver, o tempo todo. É desesperador achar tudo bonito. Tudo, em você, é tão bonito. E eu quero te roubar para mim. Vou planejar um sequestro relâmpago. Estou ficando louco, e criminoso, e perigoso. Mantenha mesmo a distância. Mentira, não mantenha não. Chegue perto, e diga que me quer. Só quer a mim, e mais ninguém. Diz que eu basto, porque eu posso tentar. Estou tentando. Estou tentando tanto. Fico te olhando em fotos, em lembranças. Eu olho para dentro e só vejo você. Como é engraçado, e bonito. Sim, também é bonito. Só ter você, só ver você. Viver de você poderia ser algo tão bonito. Respirar seu nome, me alimentar de sua pele, viver à sua sombra. Eu e você, poderia ser algo tão bonito. E me sobe um calafrio pela espinha. Minhas pernas enfraquecem. Tudo coça, tudo incomoda. Cadê você? Não estou me encontrando. Você também sou eu. Deixa eu ser você. Só por uns instantes - soma de uma vida inteira. Há tanto tempo não encontro tempo para me sentir assim. Que vontade de cantar. Eu poderia cantar para você, você sabe. Aquelas lindas canções de amor. Arriscar ser desafinado com o Tom. Ou só assobiar. Eu posso te cuidar direito. Todo mundo precisa de alguém. É tão difícil se sentir assim. Estou tão disposto. Sua aparição me fez tão bem, estou desejando tanto bem. Estou te desejando tanto, assim, bem perto. Meu corpo parece que vai explodir. E minha boca está no coração. Meu coração está na boca, na ponta da língua. Mesma língua esta que te fala. Que te escreve. Eu te escrevo tão bem. Pele serena, olhos morenos, tão delicada, com uma constelação de estrelas sobre o rosto. Você é todo o céu. Eu posso ser todo seu. Eu quero. Você só precisa deixar. Tão bruto se apaixonar de novo. E pular dos mesmos abismos. E reviver a sensação de voar livre. Pule comigo! Uma hora a gente volta. Eu prometo. Eu prometo tudo. O que você quiser, está prometido. Está muito cedo, mas eu já te amo. Te amo por antecipação. Eu te amo por ter me feito sorrir. Eu te amo por ter me feito sorrir de novo. Como é doce saber que você existe. E tão feliz. Tem momentos na vida em que só existe desespero, e maços de cigarro, e goles amargos, e solidão. Mas já que você existe, e eu sei, é tudo tão calmo. Eu não posso viver assim tão longe. A saudade mata. A gente mata a saudade, ou ela nos mata. Tanto faz. Não, não tanto faz! Tudo estou fazendo. E cadê você? Apareça, dê notícias. Não aceito um telegrama. Mas um telefonema já basta. Como me acalma ouvir sua voz. Fica tudo bem. Levei tanto tempo para poder dar um cheiro ao seu nome. Cheiro de flores, as mais belas e vistosas. Apanhei pelos campos da vida. Campos minados, de repente você me explodiu. É sobre esssa explosão de amores que te falo. Basta um olhar. Um olhar e já estamos desarmados. A gente sempre sabe quando é de alguém. Podem passar décadas, uma hora chega. Existe um pacto de almas que é selado em alguma parte da vida. Ou da morte. Mas existe. O meu foi selado assim: eu e você, e você, POR FAVOR, comigo. Não estou desesperado. Apenas tenho pressa. É tão fácil errar o caminho. A vida tem tantas estradas. Seu caminho sou eu, só pode. Porque meu caminho é seu. E eu sei. É tão fácil ser sozinho. Então vamos enfrentar isso juntos. Porque é tão fácil reclamar da vida, se embriagar, dormir com alguém, e ser sozinho. Já passei tanto por isso. Já fui sozinho em tantos lugares. Já fui sozinho tão bem acompanhado. Vem para mim, ou então, ou então me ensina a ser só. Me ensina a ser só. Porque desde que você apareceu eu não sei mais. Eu não sei. Faz alguma coisa, essa sua indiferença me mata. Por quê você não vê? E olha, eu estou me esforçando.
Me ensina a ser seu. Ou me ensina a ser só.

15 comentários:

Anônimo disse...

"Apanhei pelos campos da vida. Campos minados, de repente você me explodiu." Me ganhou nessas aí. Essas aí, entre outras, deveriam ser trabalhadas. Trabalhadas no sentido literal. Muito bom.

Marina disse...

Ou..
Avassaladoras essas paixões antecipadas ante a pensamentos, sensações, peles e hormônios. Explosivas e tentadoras, confesso.

Inverti. Haha. Bom texto. Curti.

Anah Luizahh' disse...

"Apanhei pelos campos da vida. Campos minados, de repente você me explodiu." Curti muito essa também. Me apanhou pelos pés agora! Parabéns!

Diego Nathan disse...

Obrigado, vou mandar pra ela.
beijo

Anônimo disse...

Quem você lê?

Julianna Motter disse...

Quem eu leio?
Bom, atualmente estou relendo "Senhora" do José de Alencar. E eu leio muito do Lourenço Mutarelli, e do Roland Barthes - que são meus escritores favoritos atualmente.

Julianna Motter disse...

E obrigada, gente, por lerem - e por comentarem!

Anônimo disse...

Interessante.

Anônimo disse...

Esse foi realmente lindo. Estou com os olhos toodos lacrimejados. ;)

Quando você escreve existe verdade ou é somente imaginação?
;*

Julianna Motter disse...

Obrigada! Difícil dizer que não existe verdade nos textos, eu acho. Cada um deles carrega alguma parte verdadeiramente minha. Que é, frequentemente, ampliada. Ou uma parte verdadeiramente dos outros. Mas, inevitável, sempre ter uma parte que me cabe.

Anônimo disse...

ah sim, entendo.
Adoro seu blog, sempre leio quando me sinto desamparada emocionalmente, (tipo quando alguém é escroto com você e nessa hora acho que não existe mais amor em romantismo em ninguém.)
Aí ele está sempre aqui. ;)

Obrigada por responder.

Julianna Motter disse...

Tá, espero que não se sinta desamparada emocionalmente com frequência. Mas que ainda assim, continue lendo!

Anônimo disse...

hahah

pode deixar.

o/

Anônimo minado disse...

Escreve mais para a gente.

Obs.: Vou me identificar como anônimo do comentário sobre o campo minado. Tem muito anônimo por aqui.

Julianna Motter disse...

Escrever mais para vocês? Eu sempre escrevo para vocês, estou sempre escrevendo para vocês. Não sei se ainda hoje sairá alguma coisa, mas sempre sairá...