domingo, 30 de janeiro de 2011

Que Saudade.

Cabelos cor de fogo. Chama, me chamando, com o risco de queimar, pegar fogo. Se um dia todo dia fosse como um dia qualquer, talvez eu confessasse todos os meus segredos. Os poucos que tenho, que guardam neles muitos outros. Que vão se emendando feito uma teia. Aquela que sustenta a vida. Não vamos falar dela. Um dia eu nasci. Em um outro você também. E estamos no mesmo cenário - que nem de longe é bonito. Mas estamos em um lugar, que por enquanto ainda é o mesmo. Eu depositaria em você toda a minha loucura. Mas está cedo. E ainda faz sol. Mais tarde, talvez veremos chover. E eu seguro, em uma mão, um cigarro. E em outra, uma das suas. A outra, sua também, vai escapolindo, para outros lados. Que eu não enxergo, porque não quero ver, nem saber, nem escutar. Porque tem sido bonito. E seria bom manter assim. Bonito e distante, nada arisco. Ou arriscado. E de nada eu sei. E dizem, melhor assim. No sossego dos beijos desesperados. Mas do coração calmo. Porque não é de ninguém. Já foi, mas aí é passado. E como presente, passou. E eu deveria te contar. Mas é melhor assim, sendo somente silêncio. Eu e você, alguns suspiros. Mas tudo calmo. Porque não há pressa. Então não se apresse, não estou indo embora. Nem você, eu espero. Desesperado, desesperançoso, esperando. É o que temos para hoje. E o resto dos dias. Uma espera constante, desgastante. Mas sabemos, ainda há resquícios. Mas disfarçamos. E vemos os outros. Que não sabem quem somos. E nem nós mesmos sabemos. Ao som de um samba, com uma cerveja, na mesa de um bar. Estamos eu, você e uns outros. E mais, e tanto. Ainda é pouco. Aguentamos. Seguindo em frente. Eu e você. E é cedo, talvez não chova. Os dias têm sido quentes. A gente aguenta. Eu não te conheço. Você não me conhece. A gente se estranha - é isso que faz o novo. A gente se arranha - é preciso deixar marcas. A gente vai indo, com a maré. Aqui não tem mar. Mas a gente vai, daqui para algum lugar. Não sabemos onde, mas um dia encontramos. Estamos sentados, nos olhando, e não sabemos, e evitamos. Mas fingimos que serve, é o que temos. Poderia ser mais. Não sei se ambos queremos. Seu sorriso sorri aqui dentro. Você me lembra dela. Ela não me esquece. A gente vai levando. Eu sinto falta. Mas você faz bem. E bem é só bem. E nada mais. O que poderia ser, a gente vai vendo, sentindo, vivendo. Que saudade de ser amado.

Um comentário:

Anônimo disse...

acho que, pelo menos pra mim, mais dificil que ser amada é amar. Amar dói. ser amada e só fazer doer.