terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sonífera Ilha

Caminhávamos de mãos dadas, pela orla imaginária, ali frente à L2. Você assobiava uma canção à beira-mar, eu desfrutava da brisa fresca. Fingíamos que os pequenos resquícios de asfalto eram conchas, e guardávamos cada um deles para depois colocá-los perto do ouvido e escutar o som do mar. Dividíamos a mesma calçada e os mesmos sonhos. Era - praticamente - só nosso o desejo de ver o cerrado virar mar. O planalto inundado, pronto para nele afogar-nos. Na falta de água, afogávamos em um oceano de loucura e paixão. Era irônico como estávamos sempre prontas para o que desse e viesse, e se não desse, íamos até lá. Tínhamos tanto o desejo pelo inalcançável, quanto pelo o que nossa mão pudesse segurar. Segurávamos uma a outra. Um misto de desejo mútuo e imaginação. Segurávamos-nos pelas mãos, e tentamos segurar-nos pelas pernas, pelos cabelos quando, mesmo que o cerrado não tivesse virado mar, o concreto presenteou-nos com uma tsunami e levou-nos para ilhas diferentes.

Um comentário:

Sofs disse...

Gostei muito das comparacoes. Parabens, Ju. Voltou a me impressionar. Saudade.