terça-feira, 22 de setembro de 2009

Reverso?

Em plena madrugada, a imagem de dois corpos unidos clareava o céu de uma Brasília sombria. Era a imagem de uma solidão acompanhada. Um romance de letras caprichadas, com uma fotografia de ipês amarelos. Eles cabiam tão bem um ao outro, de uma forma que nem o Zodíaco poderia mudar. Tinham descoberto um ao outro, e um no outro uma forma de abrir os olhos sem querê-los fechados. Viam o futuro através das bolas de árvores de Natal. Era ora verde, ora vermelho, nunca sem cor, nunca transparente. O futuro era o reflexo de seus rostos unidos. Naqueles momentos e nos minutos depois deles. Aquela madrugada era de nuvens e perguntas envergonhadas.
- Promete me amar para sempre?
- Prometo te amar hoje como se fosse para sempre.
- E não é?
- Nunca conheci o para sempre.
- Conheceu-me.
- Até que ponto?
- A partir de um para sempre ao reverso. Um começo no fim. E um fim sem começo.

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