segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Cabeça.

Perguntava-se o que era mais pesado do que carregar a si mesma. Descobriu quando uma cabeça encostou-se em seu ombro. As lágrimas que escorriam de seus olhos triplicavam o peso, que seria tão mais fácil de suportar se tratasse-se de uma cabeça e só. Não eram lágrimas a serem secadas por um lenço, ou dispersas pelo vento. Precisavam trilhar todos os caminhos possíveis naquela face, até que caíssem todas no chão. Ela suportava o peso daquela cabeça junto ao peso do resto do corpo e de sua própria consciência. Não tinha como fugir, nem queria. Sentia-se bem por sentir-se em alguém. Não tinha culpa, mas era a desculpa para aquele choro, pesado, ainda que delicado. A cabeça que tinha encontrado seu ombro, era a mesma que, em um passado remoto, tinha feito-lhe perder a própria. Agora estavam as duas tão próximas, porém tão distantes, não pelos milímetros entre elas, mas por estarem ali, e ao mesmo tempo, em tantos outros lugares.

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