segunda-feira, 21 de junho de 2010

Será?

Boa noite, disse a ela. Mas ainda era dia. Do quê está falando? A essa hora não escurece. Mas eu não podia fazê-la entender o que eu quis que ela entendesse em seu silêncio.
É que tudo fica escuro, tudo fica escuro e nevoado toda vez que você se vai. E acontece também que fica frio, e o som parece só querer meu martírio com aquelas notas graves. E acontece junto a isso que, eu também sinto saudades. E é à noite que a ausência comemora aniversário de casamento com meu coração.
Desculpa essa minha bobagem toda, é que é difícil guardar isso para mim quando ela me olha com aqueles olhos imensos e aqueles cílios dourados. É difícil puxá-la pelo braço sem que eu possa dizer que para que fique, para que de fato volte, para que haja outra chance, para que essa outra pareça a primeira.
Bom dia, disse a ela, na primeira vez em que a vi. Já era tarde, praça lotada, São João e todas aquelas frutas-do-amor. Fogueira acesa ar quente fazendo cócegas nos pés gelados.
"Bom dia, bom dia, bom dia", mas ela me avisou que já passava da meia-noite.
Se eu nunca a tivesse visto, eu nunca teria acordado?

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