sábado, 5 de junho de 2010

Pique-nique.

Não tenho uma lembrança clara de como foi que te conheci. Talvez numa tarde nublada, enquanto, andando pelo parque, deparei-me com seus mil sorrisos aproveitando um pique-nique. Talvez em um Sábado à noite, quando decidi sair para espairecer e acabei por encher a cara. Mas lembro de ter reparado escancaradamente no formato meio gozado de seu rosto. Suas bochechas sinuosas, seus lábios finos, seu queixo pontudo. Pensei que talvez, pensar que seu rosto fora um erro, fosse muito extremo. Mas não pude evitar. A falta de sintonia de suas partes fazia um escândalo em frente aos meus olhos castos. E eis que resolveu soltar a voz, e eu quase pedi a Deus que te levasse embora. Mas você foi ficando, e chegando perto, e deixando que passassem os anos. E de repente, ver-te já não era mais tão estranho assim. Eu até comecei a ver graça em seus lábios fininhos fazendo volume com os meus. Até comecei a achar bonitinhas suas bochechas coradas de sol, e seu queixo cutucando meu braço para receber carinho. E fomos deixando mesmo que passassem os anos. E eis que resolveu guardar sua voz, e agora eu chego a pedir a Deus que a traga de volta (e te traga também).

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom, parabéns!