domingo, 20 de junho de 2010

É.

Desculpa, mas não pude me conter. Entre quatro paredes, nada mais me pertencia, só o sufoco. Eram as janelas fechadas e a fumaça de seus cigarros mentolados, a porta fechada e o aroma de seu café. Vícios, tudo para você acabava nisso. O livro que você leu pela vigésima quarta vez naquela semana, seus braços marcados por tinta, aquelas balinhas de gengibre. Nada bastava-lhe de fato. Nem eu, nem suas meninas, nem as meninas dos outros. Nada cessava esse teu buraco negro no peito. Mas você não entendia. E acho que, na época, eu também não. Não entendia essa tua louca vontade de puxar tudo para si, como se nunca faltasse espaço. Essa tua necessidade de sulgar até que restassem somente ossos, ossos e pele. Entenda, nunca quis que as horas, nem muito menos os dias, as semanas, os meses e os anos passassem. Sei que prometemos ser felizes para sempre. Mas não pude continuar morrendo contigo.

2 comentários:

Marina disse...

Caralho. Adorei esse.

Anônimo disse...

sugar*