segunda-feira, 28 de junho de 2010

Feridas.

Tirava as cascas das feridas, acreditando numa cicatrização mais rápida - e dolorida. Fazia tanto tempo que o tempo havia esquecido-o ali. Homem de porte médio, joelhos tortos e sotaque americano. De carnes trêmulas e ossada firme. Tinha a desculpa da depressão - diagnosticada - para que pudesse estar sempre assim, escancaradamente humano. Mas não que precisasse dela. Não tinha vergonha, tampouco receio. Sua timidez existia sim, mas vinha de sua língua presa e de seu andar desastrado. Esquecido, mas não que esquecesse. Amor um, amor dois, amores infinitos. Todos com a mesma cicatrização, tampados e depois cutucados. Estancava seu sangue deixando que sangrasse mais.

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