domingo, 13 de junho de 2010
Desejo.
O gosto amargo. O gosto amargo não era café. Não era tristeza, nem insaciedade. Tinha o corpo sadio e pulmões pintados de preto - cigarros eram remédio anti-saudade. Falava fluentemente o espanhol. Te quiero, mas não tanto. E misturava os significados. Amava sim, aquele amor marginalizado, escondido entre as dobras das coxas dela. Mas queria longe, inalcançável. Acreditava na essência de baunilha saltando do forno, e também na essência do amor distante. Poderia tê-la sem tocá-la, guardada na única gaveta com cadeado do coração. Poderia querê-la sem sujá-la, com as mãos nos bolsos da calça cáqui. Coração poderia saltitar calado. E o volume abrigado pelo zíper poderia ser apenas acaso. Desejo nunca foi erro.
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