sexta-feira, 14 de maio de 2010

Mórbida.

Se não houvesse escutado sua voz, sua tão doce voz, talvez cutucasse algum de seus ossos pontiagudos. Se não fossem as sardas, as pequeninas sardas em volta do seu nariz, provavelmente checaria seu pulso. Pálida, esquálida e um pouco firme demais, foi assim que te vi quando vi pela primeira vez. Mal movia os pulmões, talvez querendo respirar escondido. Mal abria os olhos, mal fechou as pernas. Pude sentir suas orelhas geladas, encostar nos seus pés contraídos por detrás dos sapatos. Ah! mas como você era bela, como você era tão bela! Chegava a parecer uma boneca presa em uma cela de plástico, e me dava a curiosa vontade de trocar suas roupas, pentear seus cabelos, e roubar o movimento de seus braços. Ah! mas como você era morta, como você era tão morta?

Um comentário:

Victória disse...

Não pude mesmo deixar de comentar, porque os textos são lindos. :)Beijo grande