domingo, 16 de maio de 2010

Boas.

Que tivesse uma boa noite, mas poupei-nos do desconforto. Vá, fale logo, disse eu com aquela cara de deixei-a-cerveja-esquentando-na-mesa. Não sei se o que vi mesmo foi a lua, mas de relance vi algo pálido no céu, e aquilo pareceu até combinar bem com seu vestido roxo, e com seus pés sujos sobrando na sandália. E gesticulando muito você falava, amor, amar, eu amo você, rosas, Proust, Teoria do Caos. E aí meus olhos: o que mesmo você está falando? Mas eu não perguntei. O carro parecia escorregar um pouco, mas era só quando meus olhos piscavam. E suas mãos falando sem parar, juro que as palavras saíam delas. Suas pernas inquietas, inquietas, inquietas. Dá para parar de se mexer? Agora vai e fala você, mas eu não falei. Que seja bem-vindo esse silêncio criminoso, eu mesmo o recepcionei. E me dá licença, tenha sim uma boa noite.

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