quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O céu o seu e o meu

a ideia é escrever sobre o céu
sobre o fim de tarde
porque é pôr-do-sol demarcação da hora em que o dia propriamente dito e nunca devidamente escutado morre
e a gente renasce
e a gente respira
e a gente se recorda de quando acordou de manhã e pensou que o dia poderia passar rápido hoje porque ainda é terça e no final de semana eu não tomei aquela cerveja que tanto esperei na semana passada
quer dizer até tomei umas cinco ou seis e mais uma garrafa de whisky que dividi com dois amigos na beira do rio
que rio?
é lago
queria que o dia passasse rápido
mas nessa hora em que o dia morre a gente renasce e a gente respira e a gente reage
eu penso eu lembro que me disseram que a vida passa rápido mas tão rápido que a gente pisca e quando viu
nem vê
eu assisto o céu misturar azul com rosa vermelho lilás amarelo laranja e nada disso me assusta porque mesmo não sendo muito natural mesmo não sendo muito da natureza é debaixo desse céu que me sinto infinito
e caso um dia eu vá embora e eu sei que eu vou
do que mais sentirei falta se me perguntarem é desse céu de brasília
desse céu brasilindo
brasilouco
desse céu quatro mares
que deságua rebenta ressaca
nessa bras-ilha
nesse céu tinta guache
aquarela
lápis de cor
tinta óleo
eu que nada entendo de pintura quero que essa tinta seja feita para pintar o rosto e tinta para pintar com o dedo porque quero pintar minha cara meu corpo meu qualquer jeito da cor desse céu
que é pra ver se renasço
que é pra ver se morro
morrendo cresce
pra virar logo montanha
pra encostar minha ponta logo lá em cima
pra nos confundirmos eu e ele
céu é ele
céu e eu


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