segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Amores, passados passarão...

Sweetheart, what have you done to us?
I turned my back and you turned to dust.
What have you done?

A maneira como aconteceu não estava em meus planos. Ainda não está. Você esperava que eu fizesse o que? Me abaixasse e saísse rolando pelas ruas da cidade só para tentar desviar? Preste atenção no "tentar", porque essas coisas acontecem mais rápido do que a maneira que nossa imaginação tende a visualizar. A gente só tem ideia da rapidez bem depois, quando consegue até, mais ou menos, identificar o momento exato. Além disso, eu não pude prever. E nem teria como. Eu estava vagando como sempre vaguei.

Conheci
outra
pessoa
e ela me
reconheceu
quando nem eu
me reconhecia...

Pare de repetir. Não se torture me torturando. Eu não quis tornar as palavras mais duras do que devem ser. Nem quis dar a entender que foi uma escolha. Certas coisas a gente, simplesmente, não escolhe! Elas acontecem, como aconteceu entre eu e você e, antes, com outros. Eu não encontrei, e nem precisava de nenhuma outra maneira para te contar uma coisa dessas. Você esperava mesmo que eu te explicasse como esses encontros se dão? Não preciso me justificar, mas se os tempos fossem outros e eu ainda lesse Shakespeare para as aulas de teatro, eu saciaria essa sua necessidade de dramatizar as coisas e diria:

Apunhalou-me pelas costas
e disse:
é o amor, cheguei.


Pelas costas! Satisfeita? Na calada de uma noite ou de um dia, ou mesmo acuado pelo barulho dos trens lá no Baixo. Veio por entre sombras que eu não vi! Ah, se eu te contasse assim, desta maneira encenada, no momento seguinte, ou você estaria engolindo o choro e me chamando de todos os nomes ou se afogando em prantos e me pedindo para ficar. Agora você só fica aí parada me olhando, meio morta e meio desesperada. Não é uma corrida, mas se sua agonia é de não ter nos deixado antes - como seus olhos insistem em me dizer -, eu poderia ter te dado imaginários dez minutos de vantagem. Você também já vagava por aí, então não há culpa! Entenda, eu posso ficar. É minha livre escolha. Estamos falando do meu próprio direito de ir e vir e sobre o lugar onde isso te toca. Esse pequeno espaço, se duvidar, menor que um dedo, onde minha vida coincidiu e ainda coincide, com a sua. O que você quer? O que você espera de mim, do mundo?


Não estou esperando alguém chegar montado em um cavalo me dizendo palavras de amor. De um amor que eu ainda não sinto. Eu não preciso dramatizar. Pareço morta porque só percebi, agora, que tinha te matado antes. Não quero, nunca quis, que alguém me convença de que realmente existe eternidade. Não vou precisar, daqui para frente, de chuva de pétalas, nem de ser mimada com presentes caros. Eu só queria sentir como é ser prioridade na vida de alguém. E agora eu só quero ir embora. Agora, depois que senti isso até o fim - que não assisti chegar. Eu tapei meus olhos e agora desejei ter te impedido de abrir os seus. Eu só quero ir embora de você...digo, eu quero ir embora esperando que você se vá de mim também. Seu corpo parece enterrado no meu. Desacordado debaixo da minha pele. E agora?

E agora eu te desejo. Uns mesmos desejos comuns a nós dois. Mas nenhum desejo pequeno. Nada do que é esperado. Que saibamos amar. Apenas isso. Neste e nos próximos anos, nos próximos pedidos, promessas. Porque amar é como aprender a andar de bicicleta: às vezes precisamos deixar de lado por um tempo, mas ninguém desaprende e ninguém nunca esquece.

Um comentário:

Bianca B. disse...

É incrível como consigo me enxergar nessa coisa toda de dualidade. Os dois lados da moeda em uma única pessoa.