terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Invenção.

Vem cá me dar um cheiro. Que sua noite seja doce. Como quero que sejam todas as outras. E os dias. Ah...os dias. Quero que seus dias sejam doces. De maneira à querer mais, e não enjoar. Eu te quero todo o bem dessa vida. Eu te quero comigo. Eu não sei o que dizer. É só te olhar para ficar mudo. E eu penso em tudo. Tudo que eu poderia te dizer, e como eu quero ser capaz. Quero te cuidar. Prefiro que você não precise de cuidados, e esteja sã e salva. Mas se preciso for, cuido e seguro seus cabelos. Seguro seu choro. Posso também chorar por você. Não por você, porque eu não quero que você se vá, ou que você me doa. Chorar no seu lugar. Eu posso, você sabe que sim. Quero que chegue a hora de dormir, e você adormeça com o rosto encostado no meu. E te acordar dizendo como amo suas costas e suas curvas e seus buracos e seus desvios e seu sorriso e seus dentes e sua língua e tudo o que te pertença. Eu te quero bem. Bem perto. Bem feliz. Bem sorridente. Bem minha. Bem querer. Bem-te-vi. Bem-te-olhei. Bem-te-quis. Bem-te-beijei. Eu quero te escrever cartas, e não entregar. E reler mais para frente, enquanto você estiver deitada na cama. E pensar como-eu-te-amo. E te querer por perto. E não te sufocar. E eu te amo inteira e por partes. Eu quero poder amar sem ser escondido. Porque eu amo e não te digo. Sem saber se dizendo estaria abrindo a porta para o jardim secreto ou para um buraco infinito. Meu amor é infinito. E nem preciso estar contigo. Não quero tomar muito seu tempo. Mas te entrego todo o tempo que tenho. Quero estar perto. Por enquanto, só te observo. Não que não baste, mas poderia ser mais. Eu preciso te dizer essas coisas todas que há tempos te escondo. Mas acho que você entende o que é ter medo. Não preciso te explicar. Quero te segurar bem perto. E poder sussurrar tudo isso. Como se eu tivesse coragem. Eu não tenho, mas arrumo. A gente sempre dá um jeito para essas coisas. É preciso não perder. E não por orgulho ferido. É porque dá medo ter medo de perder. E eu nem te tenho para isso. Eu fico pensando no futuro. Meio certo de que um dia ele virá. Dá esperança. E frio na barriga. Um borboletário humano. Vem cá, meu dengo. A gente pode fingir que duraria para sempre. A gente pode fingir que existe o para-sempre.

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