quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Bom Dia.

Agora - como é que dizem por aí? -, tudo azul? Ou será vermelho? Talvez amarelo? Arco-íris inteiro? Na verdade, acho que, até hoje, só eu fui capaz de ver essa cor. E como é alegre. Ameaçadamente alegre. Acho que estou feliz. E a cor chega até a brilhar no escuro pra mim, eu que fui sempre tão triste. Tudo cor-minha. Cor-nossa. Cor-sua. Acordei sem remelas, ou gosto de sangue e asfalto. E o sol nasceu hoje. Não como nasceria em todos os outros dias. Hoje o sol nasceu pra mim. Ele entrou não só pela janela, também atravessou pelas retinas, e me abraçou. Nasceu sem chorar, mas eu soube que ele estava vivo. Que dia é hoje? Porque só pode ser feriado, ou meu aniversário - eu que nunca comemorei, hoje comemoraria estourando champagne e estourando ouvidos por cantarolar feliz e tão alto. Sabe quando vem uma felicidade? E você não sabe nem de onde. Mas eu também não preciso saber. Quando uma dessas vem, a gente só quer que ela fique. E hoje, eu digo, eu faço de tudo para que ela permaneça. Porque é bom dormir no canto, e surpreendentemente, acordar abraçado. E se aninhar sonolento, e sorrir inconsciente. Eu me levantei e tomei café, e comi bolachas, e até comprei flores. E quis aparar a grama, e também andar de bicicleta. Acordei disposto. Eu diria até que disposto à tudo. Quero pular de pára-quedas, não mais me dependurar no parapeito. Não sei, mas meu peito anda tão leve. E essa minha leveza é tão saborosa, que eu até lambo os dedos. Hoje não está fazendo calor, também não está fazendo frio: está do jeito que as coisas deveriam estar, felizes. E eu escrevo agora nesse meu diário, porque eu quero me lembrar um dia, se isso um dia for embora - o que eu não desejo, mas pessimista espero. Eu vou reler e sorrir e, quem sabe, recuperar esse gosto. Gosto de encontrar com aquilo que mais gosto, gosto doce, doçura exata. Hoje o dia nasceu-felicidade. Mas já está chegando a hora de dormir.

Um comentário:

Diego Nathan disse...

Desconfio que você não escreve porra nenhuma. Com essa carinha aí deve dormir com vários escritores e rouba os textos deles depois que fumam e capotam no sofá. O problema é que são parecidos. E descarto a idéia de monogamia. Mistéeerio.