segunda-feira, 22 de março de 2010

Desata-se.

Por muitas vezes, quis que quisestes-me mais. Por tantas outras, não quis e foi quando quisestes. E olhava-me com aquela cara debochada, como se meu querer fosse guiado pelo teu, como se já não bastasse ter-me na palma da mão e na ponta dos pés. E então olhava-me com aqueles olhos estúpidos de sono. E beijava-me com o frescor de hortelã. E era quando amassava os lençóis e disfarçava a lentidão de nosso sono. Quis eu não ter querido tanto, pois queria mais do que era-me cabível. Desentendia a volúpia que faltava em sermos nós. E de nós em nós, finalmente desatados. E foi quando nada mais queríamos. E não olhava-me mais.

Um comentário:

Hanna disse...

Desfez-se o nó no cadarço beje daquele all star que, um dia, já fora branco. Sua coluna -preguiçosa- pediu um tempo para analisar se valia apena agachar para refazê-lo. Ficou parado ali, cabisbaixo, pensando nas diversas combinações cabíveis àquele pedaço gasto de pano. Formas de untá-los de novo, de maneira que não desatassem mais. Tanta matemática fez-lo esquecer de incluir os joelhos no debate com a coluna. Aqueles fizeram-no mover e ele deu vários passos assim. Era até mais simples calçar e descalçar. O cardaço ia sendo pisado na mesma proporção em que poderia causar um acidente. Unidunite entre machucado novo e nó em borboleta. Sem mãe para mandar escolher.Jogar sapato velho fora é mais caro que comprar um novo.