terça-feira, 23 de março de 2010

Balde.

Silenciosamente, ele sentava a seu lado para observar a presença da outra que estava logo atrás. Repousava cuidadosamente a cabeça em seu ombro, e através de seus cabelos negros, que permitiam-no ser discreto, entreolhava a vemelhidão pulsante dos lábios dela. Seria fraco se não fosse homem. E teria pudores se não fosse cretino. De forma alguma marginalizava o ombro no qual repousava, tinha calor e espaço, mas sabia que poderia encontrar o mesmo em tantos outros, inclusive naquele que, por detrás deste, salientava-se na blusa ligeiramente caída. Aquele ombro, em que aquecia-se e cabia-se, era uma chaleira com água morna. O que estava logo ali atrás, era um balde de água fria, que acordava-lhe e enfraquecia-lhe as pernas.

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