terça-feira, 25 de agosto de 2009

Valsa Nº 1

Escreveu um erro. Chamou-o de romance. Escreveu-o com letra cursiva, dando o devido valor às margens. Colocou a culpa em outra pessoa, a terceira do singular. Escreveu seu erro com cautela, revelando sua mutação. Foi de acerto a erro. E de erro a destaque nas prateleiras da vida. Encapado e pesado. Deu destaque ao protagonista, o fez caricato. Aumentou o tamanho do nariz, das orelhas e da inocência. Chamou-a de burrice. Convidou-a para dançar junto a um par de olhos cor de mel, pertencentes à coadjuvante. Olhos que exprimiam algo além. Dançou os passos certos, mas descobriu, apenas tarde demais, e depois de incontáveis valsas, que segurava a cintura errada. Perdeu-se no ritmo, antecipou o passo que vinha a seguir. Atrapalhou-se todo, sem mão, nem cintura, para segurar. Escreveu um erro. Mas resolveu chamá-lo de par errado.

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