sábado, 4 de setembro de 2010

Encontrar.

Sempre tive muito apreço pelo mistério, muito apreço pelo mistério das pessoas misteriosas. Com os anos, aprendi a não tentar violá-lo, decifrá-lo, e sim a deixá-lo quieto e sereno. Quando a vi, já tinha entendido a distância do secreto, o sagrado dos mistérios. Nada diziam aqueles dois olhos. E nada eu iria perguntar. Ficaram presos na garganta, unidos àquela vontade louca de sabê-los. Quando sumiram da vista, arrependi-me por nada tê-los perguntado. E saí hipnotizado à procura. Todas as ruas e avenidas, todos os bares e cafés, todo o tempo e o tempo todo: inútil. Eis que, um dia, já tendo desistido, apareceram na minha frente. Aqueles dois mesmos olhos, tão misteriosos quanto o corpo de mulher. Ela quem fez as perguntas. Fui eu quem tanto procurou, mas foi ela quem encontrou.

3 comentários:

Anônimo disse...

quem dera fosse eu, um pedaço do mistério teu.

Julianna Motter disse...

Quem dera meu mistério e seu espaço, eu conhecesse pedaço por pedaço.

Anônimo disse...

Ah, o mistério. Como é belo, igual a ti. Deveria ser inviolável.