domingo, 4 de abril de 2010

Sorte.

Amanheciam cinzas todos os dias daquele começo de Abril. Em uma noite, sentado sob uma mangueira, deixou que um homem aproximasse-se. Estava descalçado, trocando os pés, acendeu um cigarro pelo filtro e sentou-se ao seu lado. Queria ler sua sorte, disse com uma voz que exalava o cheiro de whisky barato. Pediu que estendesse a mão, e segurou-a com força. Olhou em seus olhos, e desnudou-os. Tomasse cuidado, aquilo não era amor não, pedia desculpa por dizê-lo, mas repetiu. Abrisse bem os olhos, não tratava-se de um caminho só. Preparasse-se, a felicidade seria muita, mas inevitavelmente cara. Leu toda a sua sorte, do sucesso profissional aos três moleques que nasceriam mais para frente. Esqueceu-se apenas de ler sobre os infortunos. Na verdade, leu, e mais de uma vez para ter certeza, mas calou-os. Fosse em frente, passo a passo, mas não alertou-o sobre um muro.

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