terça-feira, 27 de abril de 2010

Pareceres.

Nos Domingos à tarde, punha-me a escutar qualquer coisa que disciplinasse-me os sentimentos. Punha Elis, mas já era tarde. Punha Chico, mas já estava destruído. Punha Caetano, mas não era tropical. E então sentava-me à mesa da cozinha, e colocava a chaleira no fogo. Acendia um cigarro de palha, sentindo-me meio caubói-do-cerrado, e fantasiava com as abas de um chapéu marrom. Percebia que a noite apontava lá no fundo, depois daqueles ipês-nada-amarelos, daquela grade-nada-protetora, daqueles meus olhos-nada-atraentes. E o céu, ali no cantinho daquilo tudo, parecia um terreno abandonado. E eu, ali no cantinho de mim mesmo, parecia um terreno baldio.

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