domingo, 4 de abril de 2010

Breve.

Suas três décadas pesavam nas costas feito um século, mas voava leve, rasteiro. Batiam em suas costas e diziam que um dia o mundo seria dele. E poderia um dia vir mesmo a ser. Mas o que queria era maior, e também dava voltas - em sua cabeça. Queria tê-la entre os braços, beijá-la quando estivesse suja de pasta de dente, quando voltasse exausto do trabalho. Mas ela nunca estava lá. Ela tanto nunca estava, que talvez nunca sequer tivesse existido. Mas estava sempre em seus sonhos, contra a luz, sombreada, de vestido preto, cabelos despenteados, batom borrado. Tinha pose de uma figura santa, mas era pecado. E ainda assim ele a amava, como se nunca houvesse existido nela um passado, como se ela fosse presente, como se tivesse futuro...

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