terça-feira, 16 de julho de 2013

Denominações

"Estamos diante de um amor que chamaremos de 'fusional"

Estou sem ideias.
Sem ir muito longe.
Com sede, mas sem coragem de me levantar.
É triste, e longo demais, o caminho até a cozinha.
Eu preciso passar por todos os retratos pendurados nas paredes.
Eu preciso olhar para o escritório e percebê-lo vazio.
Inanimado.
Empoeirado.
Preciso olhar para você e perceber que não está aqui.
Não está.
E mesmo,
e ainda,
assim,
consigo te olhar.
Te vejo

exatamente
como me veio
avermelhado de sol
(e timidez),
sereno,
esguio.
Naquele dia,
meus passos me levaram aos seus.
Naquele dia,
seus passos me levaram aos céus.
"As pessoas se encontram porque elas tem que se encontrar"
Você disse como dizia todas as outras coisas
querendo viver a vida como um filme
querendo viver de filme
a vida.
E você me ganhou
no primeiro sorriso
no primeiro silêncio
arrepio
espirro
abraço
grito
carinho
distância.
Foi me ganhando
sem nem perceber
sem nem se importar.
E disse, várias vezes, bem assim:
é o curso das coisas, o fato de elas virem não quer dizer que tenham que ficar.
No dia em que te vi,
em que te vi de verdade,
e me vi bem em você,
em que te olhei nos olhos pela primeira vez
era só você
e eu
- refletida ali.
Querendo entrar
- em ti.
Eu comecei a rir
sem motivos aparentes
e você me olhou
por minutos
sem entender
aqueles risos
inteligíveis.
Até que sem saber
se ria
ou se corria
me perguntou.
E entre respirar
e tentar me conter
- para não assustar.
Pela metade,
mas me sentindo inteira,
eu te disse:
você coisou meu coração.
Se eu não entendi,
imagine você.
Mas foi assim,
um não-entendimento até o fim.
Às vezes
- quase sempre -,
ficava uma lacuna.
Entre o que você falava
e o que eu quase entendia.
Entre o que eu não entendia
e o que você não falava.
Era na falta de um no outro
que a gente se encontrava
e depois se perdia.
As coisas, mesmo quando bem vindas,
findas
não precisam ficar.
O que vezes me prendia,
e vezes te libertava,
um dia acabou.
O que nos preenchia,
mas que,
um dia,
esgotou. 
Entre a lacuna e a despedida, 
você me perguntou:
Como partir inteiro daqui?
Você coisou meu coração...

3 comentários:

Anônimo disse...

menina você escreve muito bem <3

Unknown disse...

Jú, me vejo escrevendo essas palavras, e as sentindo, para Goiânia... Perfeito como tudo que vc faz! <3

Ysadora disse...

Há algum tempo comecei a te seguir no Instagram, logo depois descobri o teu blog e desde então venho aqui quase todos os dias. Estou viciada! Leio duas, três vezes, tentando descobrir como você pôde escrever algo tão parecido comigo. É como se eu me visse ali, dentro de cada palavra.
Uma vez mostrei o teu blog pra uma amiga e disse que tinha vontade de conversar com a pessoa que escrevia os textos... Daí, um dia, numa dessas manifestações que aconteceram na Esplanada dos Ministérios, você passou por mim e eu quase fui atrás. Ponderei: ela vai pensar que sou maluca. rs
É isso. Sou tua fã e espero, em breve, ler um livro teu.