segunda-feira, 12 de julho de 2010

Monólogo.

Às vezes tem que puxar-se pela gola. Difícil manter-se em si mesmo, eu sei. E também dói um pouco. O quê, né, você deve estar se perguntando...sei lá, isso de limitar-se em dois...dois olhos, dois braços, dois corações. Quer dizer, um. Um e às vezes meio, no meu caso, já que de vez em quando você aparece. Nunca te disse, mas toda vez que nossos corpos se encostam, o meu arde um pouco, e fica avermelhado. É claro, já me queimei várias vezes, lembro-me, quando pequeno, com bolos, então não se preocupe. O único problema é que não és tão doce quanto. Sei lá, né, você sabe...você beija, chuta, abraça, empurra, chora, magoa, sofre, parte. Mas no final das contas só tem duas escolhas: ou se entrega, ou se entrega. Não sei nem o que me deu para estar te falando essas coisas banais. Acho que é a meia-idade chegando, e a solidão se entregando. Estive sempre acostumado a falar assim, sozinho, a falar comigo mesmo. Sei lá, sabe, vai ver é isso, solidão mesmo, daquela que te acompanha e te aninha até na hora de dormir. Solidão adestrada, que só não se finge de morta. Mas aí já seria pedir demais, né? Mas então, o que eu estava te falando: ou se entrega, ou se entrega. E isso é sério, para de achar que não sei de nada e de rir assim. Tudo bem, ou se entrega, ou abre a porta e sai, ou só fecha, depois de sair. Ou sei lá, as escolhas são várias, só te falei isso porque...a tal solidão, né...espera aí, é que...deixa eu te falar, eu quero que você se entregue, é isso, só isso. E eu...te amo, é isso, só. Sozinho. Por que você não me ama de volta?

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