domingo, 20 de março de 2011

Promessa.

Eu te amo, ele disse, assim, sem ao menos ter visto os pés da garota. Eu preciso que você me ame, ela disse, sem sequer lhe contar sobre as cicatrizes nos joelhos. Meu bem, você sabe que eu não me importo em saber ou deixar de saber sobre suas quedas. Eu só não posso com elas. É como um coice no peito e já estou velho pra coices. Me dá um cigarro? Eu te daria o mundo. Mas, por agora, só um trago. Temo pelos seus pulmões, mais do que por nossos corações. Eu menti pra você e abri seus cadernos. E eu vi aquelas frases e os textos e você bem sabe que só as palavras é que me ferem tanto. Faça silêncio com eles que meu coração aguenta firme. tô sem isqueiro também. Eu escrevi tudo aquilo para que você lesse. Gosto das feridas, muito mais do que de cicatrizes. Mas eu te prometo que só vai doer mais um pouco. Eu só tenho fósforo. Será que eu posso ficar sozinho, 10 minutos, será que é te pedir muito? Na verdade, eu preferia que você fosse embora. Não consigo fechar a janela, não consigo te levar comigo, não consigo me fechar para você. Vou te contar um segredo, talvez dois, talvez todos eles. Talvez eu te conte o que veio no meu biscoito da sorte, ou te chame para sair. Só nós dois, um maço e luz de velas. Você sabe que talvez eu não aceite. É o que dizem de mim. Se fosse difícil, talvez eu aparecesse. Se houvesse luta, e coagulos no corpo. Eu posso me esconder e te mandar telegramas. Assim você vai achar que eu sou seu tesouro, e me chamar de amor. Não, eu nem te conheço. Pois já passou do tempo, faça as malas e venha viver comigo. Pois esqueça isso tudo, estou falando sozinha. Com uma parte obscura de mim. Eu te inventei nos meus mais absurdos sonhos. E te dei corpo de homem distraído, a barriga e as olheiras, depois de tanta cerveja, a barba por fazer, e o sorriso torto. Meu amor imaginário. Nas sombras do meu eu infantil. E solitário. Eu me apaixonei ontem e não foi por você. Se fosse, nos seria proibido. Era alguém de carne e osso? Ou foi um suspiro? Foi alguém de carne, osso e meus suspiros. Alguém distante, que já havia visto. Talvez nos sonhos. Foi atrás? Fui na frente, antecipei o tempo, nos imaginei casados catando conchas. Na lua-de-mel? Todo dia, morávamos na praia. Era para ser comigo. Ainda não foi. Pede outro café, minha garganta está seca. Você vai me abandonar? Eu nunca estive contigo, senão em palavras. Nós dois caberíamos em um livro. Você coube em meu coração. Vamos escrever um romance deitados na banheira. O romance do século. Você já me fez este convite. Nossas palavras e meu coração. Nossos corações e minhas palavras. Eu mal te conheço. Mas eu me lembro dos tempos que não vivemos juntos. E eu sinto sua falta, quando distante. Nunca estive por perto. Mas eu imagino seu perfume. Ele era bonito? Que nem o vento. Não vá embora. Eu preciso de você aqui. Dividindo a janela e a vida em um trago. Eu não consegui saber seu nome. Meu amor imenso durou uma noite só. E se eu nunca mais vê-lo na vida? Aí eu terei dado sorte, e você ficará para sempre comigo. Eu não quero ficar para sempre com ninguém. Então não se apaixone. Eu preciso de algo que me mova. Não faz bem para o seu fígado. A verdade é que não faz bem para o seu coração. Você não quer ir embora. Você quer que eu fique. Eu quero o mundo, com você nele. Eu quero outro cigarro. Daqui a pouco vamos dormir. Você não tem medo de acordar? Eu tenho medo de perder muita coisa, fica mais aqui. Se você sonhar com ele, está tudo perdido. Mesmo tudo que já perdi? Eu tenho medo dos sonhos e da verdade neles. Eu tenho medo de você e o que acontecerá comigo. Eu me sentia vazia. Não faz bem para a literatura. A gente ainda vai se encontrar. E vai ser mais do que um encontro casual? Destino. Promete?


P.s.: Diego, você também está aqui.

Um comentário:

Diego Nathan disse...

Não me tira daí não! Nunca te vi sempre te amei. Já viu esse filme? Eu já vi com você. E nunca te vi. Não é o Benedito? Salve Aristóteles!