sábado, 14 de maio de 2011

Veinte Años.

¿Qué te importa que te ame,
si tú no me quieres ya?
El amor que ya ha pasado,
no se debe recordar.



Por quê as pessoas perdem tempo rezando se o amor não está nos céus? Se o amor é o que há de maior? E se ele realmente é o que há de maior, por quê com ele eu não te salvei? Não me entenda mal, nem me mande sair pela porta - não outra vez. Não me expulse, nem me expurgue - de ti. Não tente me socar as costas, nem cuspir no meu rosto. Eu quero ter fé. Eu quero ter tempo. Então não me dê as costas, ou aumente o volume do som. Não te digo que sou bom com as palavras. Nem que sou uma boa pessoa - por detrás de todas as impurezas incorrigivelmente humanas. Eu só tentei apartar seu choro, amenizar seu desespero, diminuir o absurdo peso que lhe tomava o fôlego. Pois um dia eu vim ao mundo - coincidiu de ser no mesmo segundo em que te vi -, e ali você ainda exalava uma beleza inebriante. E de repente, o tempo pareceu lhe roubar as cores. E mais, cada vez mais, o fôlego. O mundo pareceu lhe fazer de escrava. Não acredito em vidas passadas, mas alguma coisa você deve ter feito para merecer tantos castigos. Era noite, e portanto você chorava. Quando logo apontava a madrugada, os tiros eram certeiros, passavam por seu coração, e você chorava. Não as lágrimas que deslizariam pelas rosadas maçãs de seu rosto, mas lágrimas que escureciam seus olhos, e te faziam partir, para longe, tão longe, de mim - e de todos. Não conseguiria contar nos dedos o número de vezes em que você falou da morte - era assustadora a forma como você parecia conhecê-la tão bem. Por quê nós insistimos em amar alguém que sabemos que, eventualmente, vamos perder? E eu já tinha te perdido desde o primeiro instante. Porque, para você, as coisas nunca foram fáceis, nem mansas - e isto é parte do amor que resiste e vinga. E eu já tinha te perdido e Deus queira que isto tenha sido predestinado - porque eu não consigo entender, nem aceitar, nem vestir um sorriso e te desejar boa sorte. Por quê nós insistimos em amar alguém que sabemos que, eventualmente, vamos perder? Seja perder nos olhares distantes ou em corpo. Pior ainda quando em alma, ou perder para um outro mundo do qual não temos notícias - sou cético aos espiritualistas e alucinados que juram ter contato com o lado de lá. Por quê amar se tudo vai embora? A pequena planta que morre, os gatos e cachorros que fogem, nossos avós, e pais, a própria paz que sequer existe. Por quê amar se a única garantia é a de abandono? De dor? De sofrimento? Por quê eu te amei do fundo da minha alma se, desde o começo, eu já sabia disso tudo? Eu poderia prever - ter a certeza - de que um dia eu estaria no mesmo lugar, falando de nós dois, com uma dor no peito, o barulho dos aviões rasgando o céu, e a esperança de que você ainda se vire e me olhe. Seus braços cada vez mais finos, seus olhos cada vez mais fundos. Temo que um dia você suma - não outra vez de mim -, mas de vez, do mundo. Sei, sei que um dia você me pediu:

Não desperdice sua fé comigo.
Não insista em rezar por mim.

Um comentário:

Hannah disse...

Eu tava precisando disso. Muito bonito!